MARIANA GOMES, autora de tese que contesta o suposto "feminismo" das "musas" do "funk carioca".
Os defensores do "funk carioca" ficaram eufóricos quando a aluna da Universidade Federal Fluminense, Mariana Gomes, escolheu como tema de mestrado as "musas" do "funk carioca", sob o título My pussy é poder – A representação feminina através do funk no Rio de Janeiro: Identidade, feminismo e indústria cultural.
No entanto, o que poucos conseguiram perceber é que o trabalho não é elogioso em relação às chamadas "popozudas", já que o trabalho questiona a aparente "sensualidade" das funqueiras como expressão de feminismo e libertação feminina.
Até mesmo a funqueira Valesca Popozuda, achando se tratar da mesma homenagem feita por formandos da UFF, que a escolheram como patronesse para a cerimônia, havia comentado no Twitter: "Acordei MUITO FELIZ com a melhor notícia de todas!!! Sem palavras!!!".
É como se alguém ficasse feliz recebendo uma carta-bomba. Nem um senador norte-americano que havia recebido uma carta contendo ricina, um tipo de veneno, reagiria dessa maneira. Pois Mariana Gomes, em seu trabalho, não traz comentários positivos à própria Valesca, julgando seu tipo "sensual" bastante perigoso.
"A relação entre feminismo e erotismo é perigosa, inclusive para a
Valesca. Ela se diz feminista, mas será que é mesmo? (...) A cantora
afirma o corpo como espaço de liberdade, mas ele pode ser uma
prisão, neste caso, porque o objetivo é conseguir bens materiais. Não
chega a ser uma prostituição, mas é um jogo perigoso", diz a mestranda.
O "funk carioca", que diz lutar pela "ruptura de preconceitos", vive se alimentando de mal-entendidos, o que é uma atitude bastante preconceituosa, por ser uma incompreensão de boatos ou factoides interpretados de forma tendenciosa para a promoção forçada da popularidade do ritmo carioca.
Além do caso acima, outros exemplos desses mal-entendidos podem ser lembrados:
1) Em 2009, a imprensa popularesca, que vive de sensacionalismo e "mundo cão", noticiou que o "funk carioca" teria virado "patrimônio cultural". A notícia é falsa, porque o que o "funk carioca" obteve foi o título de "movimento cultural de caráter popular" obtido não de forma técnica por especialistas do IPHAN (que nem sequer receberam a proposta), mas por parlamentares da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
2) Durante um ensaio de estúdio, o roqueiro inglês Paul McCartney havia escutado uma música da banda curitibana Bonde do Rolê, que mistura rock com "funk carioca", e perguntou como faria para obter a mesma energia desta banda, talvez levando em conta seu senso de humor. No entanto, a imprensa interpretou mal e disse que Paul estava falando em "bailes funk", e houve quem lhe sugerisse ouvir o "Passinho do Volante".
Portanto, o "funk carioca" é tendencioso, sensacionalista, e vive de jabaculê. O ritmo desenvolveu um grande lobby de intelectuais, celebridades e músicos apoiando. Até mesmo Tom Zé, antes um crítico mordaz da "cultura de massa", andou suavizando no tom e foi apoiar até mesmo o mega "baile funk" anual Rio Parada Funk.
Enquanto isso, nossos ouvidos continuam ameaçados. Houve até um "baile funk" perto de minha casa ontem de madrugada, com sua habitual poluição sonora.
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