segunda-feira, 1 de abril de 2013

Regime militar de 1964 é indefensável até sob uma ótica neoliberal


São pouquíssimas as correntes ideológicas que defendem aquele malfadado regime militar de 1964, que completa hoje 49 anos de início (a um ano do cinquentenário, portanto). Por razões óbvias, todas as correntes de esquerda condenam aquele regime. Alguns condenam o regime integralmente, outros condenam apenas a ideologia de direita, mas não o fato de ter sido um regime fechado, já que até hoje apoiam regimes fechados esquerdistas em outras partes do planeta. Conservadores moderados e direitistas moderados também condenaram aquela quartelada. Os daquela época condenaram o golpismo pelo menos a partir do endurecimento do regime. A ponto de Carlos Lacerda (um dos golpistas de 1964, dos mais radicais) ter passado para a oposição (a partir do fim do sonho de uma candidatura presidencial dele) e ter tido seus direitos políticos cassados e Ulysses Guimarães (outro golpista de 1964) ter passado rapidamente para a oposição logo no início do regime e ter se transformado no maior nome da direita moderada na redemocratização do país.

Os que até hoje aprovam e celebram aquela quartelada de 1964 são os da extrema direita. Há os ultraconservadores (que os esquerdistas e os liberais malandramente chamam de conservadores, sem fazer distinção entre conservadores moderados e os ultraconservadores) não envolvidos na repressão armada, como os antigos servidores da Censura Federal que vetaram a divulgação de inúmeras obras durante o regime. E há também os reacionários da extrema direita propriamente dita. Aquela que celebra com os militares golpistas ainda vivos aquela quartelada todo dia 31 de março, fugindo do dia 1º de abril, por ser o Dia da Mentira e o Dia dos Bobos.

Por outro lado, há hoje neoliberais que não se manifestam favoráveis a qualquer aspecto daquela quartelada de 1964. Há pelo menos duas razões. Uma é que o regime militar criou alguma infraestrutura nacional a partir de empresas estatais, algumas delas privatizadas pelos neoliberais desde os anos 90. Neoliberais chamam qualquer criação de infraestrutura estatal de estatismo, em tom bastante pejorativo. Razão pela qual neoliberais não contestam a privataria de Augusto Pinochet, líder daquela outra quartelada: a de 1º de setembro de 1973. Outro ponto que leva neoliberais de hoje a não celebrarem a quartelada brasileira de 1964 é que neoliberais dizem prezar, sobretudo, a eficiência. Tudo sob uma ótica tipicamente capitalista. Não tem nada de interesse público nessa ótica dos neoliberais. Os golpistas de 1964 dizem até hoje terem vindo para livrar o Brasil do comunismo, que é como eles chamam qualquer coisa que lhes lembre esquerda. Sob uma ótica neoliberal, aqueles golpistas não foram totalmente eficientes, pois se foram vitoriosos na quartelada, exterminaram vidas humanas e deixaram sequelas presentes até hoje, eles não eliminaram a esquerda do cenário nacional. Tanto que hoje vemos esquerdistas no poder (entre eles, ex-presos, ex-torturados e ex-exilados) tendo como coadjuvantes alguns apoiadores da quartelada de 1964 e alguns antigos e novos oposicionistas a aquele regime, numa espécie de ecumenismo do mal. Pra não falar em fisiologismo. Ex-presos, ex-torturados, ex-exilados e ex-golpistas de 1964 se tornaram hoje os maiores escroques da política brasileira. Junto com os neoliberais ainda presentes nas três esferas dos poderes executivo e legislativo.

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