sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Sobre a Linha 742 e a importância para os moradores de Realengo

   



     E muito triste o que está acontecendo com a linha 742. Esta linha histórica que foi uma das mais importantes e rentáveis da Viação Bangu, sofre com o descaso desta mesma empresa, correndo o risco de acabar de vez. O jornal Extra de ontem e hoje fez duas reportagens sobre essa linha, onde a Viação Bangu desativou a linha mais uma vez e a revelia. Vale lembrar que antes dela fazer isso, a linha já tinha circulação e horários irregulares, o que fez com que muita gente deixasse de pegar a linha.
 

    A Viação Bangu tem operado o 742 maquiado de 777, ou seja, o ônibus  da linha 742 chega no ponto final lá na Rua Olimpia Esteves em Padre Miguel e ao chegar ele é mudado para 777 ou para variante dessa mesma linha que passa pela Rua do Governo. O jornal Extra fez esta reportagem devida imensa reclamação feita pelos passageiros ao jornal, já que a prefeitura nada fez para resolver o problema.


     Esta linha e a mais antiga desta empresa e  foi uma das mais rentáveis da mesma. Ela foi inaugurada pela Viação Andorinha em 1958 com a denominação de S50, ganhando a numeração 742 em 1963, quando o governador do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda fez a reforma das linhas de ônibus na cidade do Rio de Janeiro, transformando cooperativas e empresas de lotação em empresas de ônibus. O ponto final em Cascadura é o mesmo da época da inauguração em 1958, porém o ponto final em Realengo mudou diversas vezes até mudar até mesmo de bairro. Quando a linha começou, ela fazia ponto na Rua Guaraci, ao lado da Igreja Batista Gileade, que na ocasião se chamava Segunda Igreja Batista em Realengo. Até 1974 era a única linha a fazer ponto naquela rua, situação que só mudou quando neste mesmo ano foram inauguradas pela Andorinha as linhas 741 e 743, que quando inauguradas não iam para Bangu e sim até o centro de Realengo. Esta linha permaneceu neste ponto até o final da década de 70, quando seu ponto foi transferido para o seu histórico ponto, na Rua Demétrio Tourinho, ao lado do recém inaugurado loteamento do Parque Real. Alí permaneceu até 1998 quando a Bangu mudou a linha para Padre Miguel, o que falaremos adiante.
    Na virada da década de 70 para 80, a Bangu compra a viação Andorinha e a 742 acaba sendo incorporada pela Bangu. Nesta mesma época, Sr. Max Gollo vende a Bangu para Jacob Barata assim como o dono da Andorinha também a vende para o mesmo. Jacob Barata então funde as duas empresas. E é nesta época que a linha 742 vive seus melhores momentos, ou seja, seus momentos de lucro e de boa frota. Nesta época era a linha mais usada pelos moradores da região do Barata e da região da Rua Limites, uma vez que era uma das únicas linhas que iam para Avenida Brasil, Deodoro, Rocha Miranda e a região de Madureira onde fica o Mercadão de Madureira. Por conta disso era uma linha que vivia lotada a ponto de as pessoas viajarem nas portas, como nos trens na parte da manhã e no começo da noite, sobretudo para quem precisava pegar ônibus para o Centro pela Avenida Brasil e para estação de Deodoro.
     Era uma linha muito querida no bairro tanto que na Copa do Mundo de 1990, os moradores fizeram uma pintura de um ônibus da linha (com o número 742 na capela, que na ocasião, os ônibus já não ostentava mais as capelas nos seus tetos) com pessoas penduradas na porta e ao mesmo tempo com a bandeira do Brasil nas mãos e comemorando gol da seleção.
    Essa linha tinha como trajeto este roteiro: Rua Demétrio Tourinho, Rua Aritiba, Rua Capituva, Rua Guaraci, Rua Tecobé, Rua Ocaibi, Rua do Governo, Rua Limites, Rua General Sezefredo, Avenida Santa Cruz, Estrada General Canrobert da Costa, Avenida Duque de Caxias, Estrada Marechal Alencastro, Avenida Brasil, Estrada João Paulo, Rua das Safiras, Rua Conselheiro Machado, Viaduto Negrão de Lima, Rua Carolina Machado, Praça Nossa Senhora do Amparo. A volta era as mesmas ruas com substituição da Rua General Sezefredo pela Rua do Imperador, Conselheiro Galvão pela Rua Edgard Romero,Incluindo as Ruas Cerqueira Daltro, Bornel e Carvalho de Souza.

    Esta linha foi muito importante para mim, Leonardo Ivo, um dos autores deste blog. Eu utilizava esta linha junto com minha família para ir na casa da minha avó em Nilópolis. Nós pegávamos ele na esquina da Rua Aritiba com a Capituva e desciamos na numa praça ao lado da Rua General Possolo para pegar o Nova Iguaçú - Meier, da Viação Nossa Senhora da Penha, ou o Meier - Belford Roxo da mesma empresa ou o Deodoro - Nilópolis da Viação Nilopolitana, na Estrada São Pedro de Alcântara, que na época ainda tinha em sua frota Caios Grabriela com Chassis Mercedes LPO 1113 em plena virada das décadas de 80 para 90. Nós iamos par a casa dela pelo menos uma vez por mês ou a cada 15 dias. Para voltar a Realengo desciamos na Avenida Brasil, no caso desta linha da Nilopolitana ou na mesma praça citada deste texto e pegávamos o 742 de volta para casa. Vale lembrar que esta linha foi muito importante para mim para ir para escola, para passear e foi onde conheci um grande amigo, Alexandre Britto, onde este em 1994 foleava prospectos de encarroçadoras e foto e alí começou nossa amizade.  E esta amizade dura até hoje, graças ao 742. Isso sem contar o fliperama que ficava no ponto final desta mesma linha na Rua Demétrio Tourinho, onde eu era frequentador assíduo.


        Só uma curiosidade, 1989, a Bangu comprou uma grande frota de ônibus Ciferal Alvorada com os chassis Mercedes Benz  1315 para a 742, tamanha a importância que esta linha tinha na empresa, porém devido a demanda forte da linha,cinco anos depois estes ônibus já estariam velhos e surrados, o que comprovava o quanto a linha era movimentada.
       Em 1995 veio a cisão onde a Andorinha retornava, porém as linhas que esta empresa assumiria não seriam aquelas que deixou de assumir no final da década de 70 e sim as linhas que eram originalmente da Bangu. Enquanto isso, a Bangu assumiria as linhas que eram da Andorinha, incluindo o 742.
       Até este momento pouca coisa muda para a 742. Sua situação começa a mudar em 1997 quando surge a 367 da então guerreira Feital. Esta linha começa a roubar passageiros da 742, uma vez os passageiros não mais precisava pegar duas conduções para ir para o centro e sim uma. E também não dependiam mais do 391, cujo os horários eram irregulares. Nesta mesma época, a Feital também tenta criar uma linha Marechal Hermes - Itaguai passando pelo Barata, que dura poucos dias. E neste momento que a Bangu passa a investir na 794, que na ocasião vivia o mesmo ostracismo que vive hoje a 742. Nesta época a 794 ia até Padre Miguel, onde fica o ponto do 391, tinha circulação rarefeita e por conta disso vivia lotada. A Bangu transfere o ponto da 794 para Bangu, para a Rua Silva Cardoso, ao lado da Primeira Igreja Batista de Bangu. A partir deste momento, o número de passageiros da 742 cai pela metade, pois a Bangu além de mudar o ponto final do 794, passa a investir pesadamente nela, colocando mais ônibus e e diminuindo os seus intervalos.
     O verdadeiro golpe de misericórdia a 742 ocorreu em 1998, quando equivocadamente a Bangu muda seu ponto da Rua Demétrio Tourinho para a Praça dos Abrolhos. Após isso a linha nunca mais foi a mesma e foi perdendo passageiros. Entre 1999 e 2000 a Bangu cria uma variante da 777 que passa pela Rua do Governo. A 742 nunca mais se recuperou e a Bangu foi mudando seu ponto e trajeto diversas vezes, até desativar a linha por volta de 2003 e 2004. Nesta mesma epoca, a Viação Bangu vivia uma crise financeira e adminstrativa em função da concorrência do transporte "alternativo" pirata e de sucessivos erros administrativos, a ponto de quase fechar as portas no começo de 2008, quando suas linhas quase foram repassadas para a Andorinha e a 383 para a Estrela. Neste mesmo ano ela é vendida e sofre um grande processo de revitalização, onde várias linhas como a 742 são reativadas.
    Quando a 742 volta, esta retorna com ponto na Rua Ribeiro de Andrade e logo tem seu ponto alterado para a Praça dos Abrolhos. A principal novidade no seu retorno era que não mais passava por Honório Gurgel e sim na estação do Metrô de Coelho Neto, o que foi uma mão na roda para os moradores de Realengo. Ainda sim a Bangu, muda o ponto da 742 novamente colocando o ponto junto com a linha 777. Após isso ela volta a ter o funcionamento irregular e o resultado é esses que vocês leram no jornal Extra.
    Isso é muito triste para uma linha que cresceu junto com o bairro de Realengo e trouxe desenvolvimento e progresso para o sub bairro do Barata. E uma opção para a Avenida Brasil para vários lugares como Rocha Miranda e Mercadão de Madureira, onde as linhas que também atendem estes locais quando não dão volta, tem seus pontos longe das residências dos moradores do Barata. O certo era a linha voltar a fazer ponto final na Rua Demétrio Tourinho e retornar com parte de seu itinerário original, mantendo apenas o trajeto onde esta passa na estação de Coelho Neto. Esta linha é lucrativa e muito util para os moradores de Realengo. Tanto é util que há linhas de kombis piratas que fazem o trajeto original da 742, da estação de Realengo a rua onde foi históricamente seu ponto. Cabe a direção da Bangu rever suas politicas adminstrativas e dar o devido valor que a linha e os seus passageiros merecem.
     

   

3 comentários:

Marcelo Prazs disse...

Excelente abordagem histórica da tradicional linha 742!!!!

Marcelo Prazs disse...

Excelente abordagem histórica da tradicional linha 742!!!

MPierre disse...

Uma correção: era SOMENTE Ciferal-Padron Alvorada MB OF-1315. OF-1313, quem teve foram a TCG e a antiga Santa Sofia, juntamente com o chassi MB OF-1315 e a Santa Sofia teve, também, OF-1318. Refiro-me somente o modelo 1989 com 3 modelos ao longo daquele ano.

Há 2 dias no Facebook, sempre defendi de o 742 passar na Rua Vila Nova e a minha simpatia de passar na Rua Carumbé.

Também na condição de integração METRÔNIBUS seria um ponto a favor à linha como aconteceu com a linha 209, mas, infelizmente, essa atual administração da Prefeitura trata uma coisa a integração com a Linha 1 (onde está a linha 209) e OUTRA com integração com a linha 2 porque quem esteve ma SMTR disse na imprensa que ônibus rodoviário de 1 porta era o ideal na integração com a Linha 2. Brincadeira, né?