segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Por causa de um pacote de feijão, morador de rua é humilhado


 

      Ao mesmo tempo que mostra o que as empresas, sobretudo as multinacionais, são capazes de fazer conosco . Por outro lado mostra também o quanto o povo humilde tem preconceito consigo mesmo, pois é capaz de fazer coisas com alguém igual a si próprio. Afinal, seguranças e supervisores não são de classe média, média-alta ou alta, ou seja, são tão pobres quanto o rapaz a quem humilhou. O brasileiro é desunido e só pensa em sí. Esta é a prova.
     Se fosse um ricaço, um politico isso não teria acontecido. Tirem suas conclusões.


A DIGNIDADE CUSTA UM PACOTE DE FEIJÃO NO HIPER BOMPREÇO DE PETROLINA/PE

Vivi ontem, dia 23/02/2013, uma fato que me deixou indignada, uma atitude de desrespeito, ignorância e má preparação profissional dos funcionários e da equipe do supermercado mencionado no título. A pessoa ofendida não fui eu, mas a natureza do problema e a minha interação com o ocorrido não me permitem ficar calada diante desse absurdo.

Estava com minha filha ontem e realizamos uma compra de alguns itens de alimentação e limpeza para nossa residência, enquanto aguardávamos na fila, fomos abordadas por um jovem de aparência humilde com aproximadamente 15 anos, que com educação descrição e um certo receio, me pediu que lhe comprasse um pacote de feijão.

Isso mesmo, um simples pacote de feijão, não me pediu dinheiro, não me pediu futilidades, não fez apelos, nem veio com frases prontas apelativas, apenas pediu um pacote de feijão, disse, inclusive, que iria buscar para que eu não tivesse que deixar a fila. Eu o encarei por alguns instantes e enxerguei fome, desespero, medo, humildade, enxerguei uma pessoa vítima de uma sociedade que no auge de sua ausência de perspectiva recorreu a um estranho para lhe prover o que um sistema público eficiente deveria assegurar a todos.

Eu concordei e ele agiu prontamente, foi até o corredor, buscou o feijão e retornou rapidamente, nem sequer escolheu um dos tipos mais caros ou de marcas mais consagradas, pegou um modelo simples, tradicional, tipo aquele que nossa mãe manda comprar quando não temos muito dinheiro, sei porque passei por isso na minha infância.

Foi o primeiro item a passar na minha lista, como demonstra o comprovante que demonstro acima. Tão logo foi feito o registro a empacotadora colocou o produto numa sacola e o entregou ao garoto.

Quando encerrou-se o registro das minhas compras, às 15h32min, realizei o pagamento, e enquanto terminávamos o empacotamento vi a moça que me auxiliava no caixa interceder numa situação um pouco distante dizendo “não façam isso, foi a moça aqui que pagou o feijão dele”, prontamente me atentei para o ocorrido e então percebi o absurdo: quando tentava sair do supermercado, pelo corredor de caixas, com o item na sacola, o segurança lhe tomou o produto, mandou que uma funcionária devolvesse à prateleira e o tangiam como quem tenta afastar um bicho ameaçador. Uma senhora que estava na minha frente na fila do caixa tentava explicar o ocorrido, mas não era ouvida pelos funcionários grosseiros e intolerantes. Enquanto isso o pobre garoto se silenciava diante do constrangimento, acuado num canto sem saber o que fazer ou para onde ir.

Dei de encontro com a funcionária que retornava com o feijão e imediatamente ORDENEI, sim ordenei aos gritos, que a mesma retornasse imediatamente e devolvesse o produto ao rapaz, pois eu havia realizado o pagamento.

E assim começou a confusão e a sucessão de absurdos que só pioraram a situação. A moça devolveu o produto ao rapaz e o mesmo rapidamente se foi sem que percebêssemos ou que um pedido adequado de desculpas lhe fosse ofertado.

O segurança informou que a medida fora tomada porque ele estava sem o recibo, porque estava importunando os demais clientes e porque estava andando pela loja com produtos na mão há algum tempo com aparência suspeita.

Ora, nada disso justifica a conduta, primeiramente, não encontraram nada escondido no rapaz, quanto ao recibo, não lhe deram a chance de explicar que eu havia pago, não procuraram explicações e nem me questionaram, antes de tomar medidas mais radicais. Ora, o produto estava em uma sacola e o garoto saia do corredor de caixas, tudo isso são indícios de que o pagamento havia sido realizado, por quem quer que fosse, mas nada disso foi levado à conta. O interessante é que frequento aquele estabelecimento há anos e nunca me pediram para verificar um produto sequer, nunca tive minha nota solicitada, nunca, assim como muitos outros acredito eu.

Outro funcionário logo se aproximou ao ver a confusão e informou que esse era o procedimento padrão, mas que padrão esse para se adotar!?! Então com meu carrinho cheio de mercadorias sugeri que, em cumprimento ao procedimento padrão, o mesmo verificasse item por item na nota se eu também não estaria subtraindo nada, pois saí do mesmo corredor que o garoto sem apresentar recibo, mas o mesmo informou que isso não seria preciso pois eu “era diferente”.

“Diferente”, um conceito meio complexo, já que acredito que sejamos todos diferentes, mas a minha falta de ingenuidade me fez concluir exatamente o que ele quis dizer, então solicitei que explicasse claramente, mas adverti-lo de que isso era discriminação, preconceito e até mesmo crime, acredito eu. Então ele ficou sem palavras, não soube mais o que dizer, não tinha mais o que dizer, enquanto nós, que demos uma voz àquele menino, esbravejávamos indignadas e um público já bastante grande, atento ao que era dito, questionava.

Aumentando a bola de neve que a situação se tornou me disseram que se eu desejasse fazer isso novamente deveria entregar a mercadoria fora do supermercado. Cada vez mais revoltada informei que o que faço com minhas mercadorias não era problema de nenhum deles, se quisesse eu poderia simplesmente derramar tudo ali, largado, e ir embora, porque diferentemente daquele menino, eu pude pagar por aquelas compras, e depois que passei daquele caixa tudo era meu, não sendo mais da conta de nenhum deles o que faço com meus produtos ou a quem entrego cada um deles, nem dentro, nem fora do supermercado.

Em mais uma tentativa frustrada de justificação me disseram que eu não estava ajudando o rapaz, pois ele provavelmente venderia o feijão para comprar drogas, acreditem, sim, me disseram isso, ali, descaradamente, na frente de todo mundo. Os profissionais supostamente sérios e preparados para assegurar a segurança do estabelecimento, para lidar com consumidores, para solucionar crises em um estabelecimento comercial de grande porte, é triste, mas eles fizeram isso.

Gente estúpida, mal preparada, de mente fechada, preconceituosos, julgando por estereótipos, taxam o rapaz de bandido, tomaram-lhe o produto. Eles sim é que me perturbam e me incomodam, não aquele menino que precisava de ajuda, que pediu ajuda, se bem que eles também precisam de ajuda, precisam urgentemente aprender como se trata uma pessoa com respeito, porque todos merecem respeito, TODOS!!!

Seguranças, supervisores, responsáveis pela administração, todos tentado justificar o injustificável. Mas a explicação é simples: discriminaram, taxaram, suspeitaram, acusaram e condenaram o rapaz sem uma chance de explicações ou defesa.

Não porque o mesmo tenha agido errado, não porque estivesse sem o recibo, mas porque era simples, humilde, estava mal vestido, um tanto quanto sujo, pedindo ajuda, estava receoso de ser expulso, se esquivando e depois de tantos nãos, procurava um ser humano que lhe ofertasse um pouco de solidariedade, mas acreditaram que ele não poderia ter pago um pacote de feijão que custou R$ 4,56 (quatro reais e cinquenta e seis centavos), e antes de apurar o ocorrido com responsabilidade, foram totalitários e intolerantes, todo esse absurdo por causa de um produto desse valor! Esse estabelecimento e esses funcionários incompetentes que não souberam lidar com a situação são uma vergonha para nossa comunidade, ou até mesmo para toda a raça humana.

ROZANI ALVES COSTA


Carlos Britto

6 comentários:

Sergio disse...

Isso já aconteceu comigo. Ainda bem que isso acabou, pois antigamente era comum ver nos supermercados crianças e mulheres pedindo para comprar isso ou aquilo. Tinha virado moda. Lá fora ficava uma pessoa com sacolas de vários produtos.

Um feijão comum não chega a 3,50 e o escolhido, a meu ver, foi um dos mais caro. Fora outros itens, como bebidas que incluem quando pedem.

Creio que já era manjado pedinte importunando os fregueses. Se deixar, será vários infestando os caixas pedindo isso ou aquilo.

O que falta é políticas sociais e não é dessa maneira que vamos sanar a fome das pessoas.

Quem dá uma de pedinte nos mercados, não é o faminto e sim o espertalhão que achou uma maneira fácil de arranjar comida.

É o que penso e não dou esmolas nas ruas, prefiro ajudar uma instituição para este propósito, pois não estou aqui para ajudar a indústria da fome.

Sergio

Leonardo Ivo disse...

Isso quando dá para ajudar uma instituição, pois muitas, não todas obviamente, são picaretas. O certo é escolher a pessoa que irá ajudar e procurar conhecer o histórico e a vida daquela pessoa ou familia para ajudar, ou seja, procurar saber quem ela é de verdade. Ai sim a ajuda valerá apena. O fato de existir espertalhões tanto na condição de mendigo, como na condição de instituições de caridade não impede de ajudar o próximo. Depois as pessoas reclamam de violência urbana e outras coisas similares.

Leonardo Ivo disse...

E quanto a isso que você falou cabe também o supermercado denunciar estas pessoas e chamar a policia. Para isso seguranças e câmeras existem, não apenas para evitar assaltos e furtos, mas também para estes casos. Isso que aconteceu é inadmissivel e injustificavel.

Anônimo disse...

O Sérgio precisa de aulas de português. Cada um com as suas necessidades... O cara precisava de um pacote de feijão. Há fome no nosso país. Há desigualdades. Nunca faltou feijão no meu prato, logo, faço questão de ajudar aqueles que precisam. Uma pena que algumas pessoas tenham a mente tão estreita.

Roberta Trindade disse...

Concordo com o anônimo. Em número, gênero e grau.
Triste com o ser humano.
Triste pelo "ser humano".
Lamentável...

Anônimo disse...

Eu fico triste em ver certos comentários, lamentável a cabeça de certas pessoas que acham, que vivem em seus mundinhos perfeitos, povo fútil, ignorante, burro...infelizmente isso é Brasil.