quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
Por causa de um pacote de feijão, morador de rua é humilhado
Se fosse um ricaço, um politico isso não teria acontecido. Tirem suas conclusões.
A DIGNIDADE CUSTA UM PACOTE DE FEIJÃO NO HIPER BOMPREÇO DE PETROLINA/PE
Vivi ontem, dia 23/02/2013, uma fato que me deixou indignada, uma atitude de desrespeito, ignorância e má preparação profissional dos funcionários e da equipe do supermercado mencionado no título. A pessoa ofendida não fui eu, mas a natureza do problema e a minha interação com o ocorrido não me permitem ficar calada diante desse absurdo.
Estava com minha filha ontem e realizamos uma compra de alguns itens de alimentação e limpeza para nossa residência, enquanto aguardávamos na fila, fomos abordadas por um jovem de aparência humilde com aproximadamente 15 anos, que com educação descrição e um certo receio, me pediu que lhe comprasse um pacote de feijão.
Isso mesmo, um simples pacote de feijão, não me pediu dinheiro, não me pediu futilidades, não fez apelos, nem veio com frases prontas apelativas, apenas pediu um pacote de feijão, disse, inclusive, que iria buscar para que eu não tivesse que deixar a fila. Eu o encarei por alguns instantes e enxerguei fome, desespero, medo, humildade, enxerguei uma pessoa vítima de uma sociedade que no auge de sua ausência de perspectiva recorreu a um estranho para lhe prover o que um sistema público eficiente deveria assegurar a todos.
Eu concordei e ele agiu prontamente, foi até o corredor, buscou o feijão e retornou rapidamente, nem sequer escolheu um dos tipos mais caros ou de marcas mais consagradas, pegou um modelo simples, tradicional, tipo aquele que nossa mãe manda comprar quando não temos muito dinheiro, sei porque passei por isso na minha infância.
Foi o primeiro item a passar na minha lista, como demonstra o comprovante que demonstro acima. Tão logo foi feito o registro a empacotadora colocou o produto numa sacola e o entregou ao garoto.
Quando encerrou-se o registro das minhas compras, às 15h32min, realizei o pagamento, e enquanto terminávamos o empacotamento vi a moça que me auxiliava no caixa interceder numa situação um pouco distante dizendo “não façam isso, foi a moça aqui que pagou o feijão dele”, prontamente me atentei para o ocorrido e então percebi o absurdo: quando tentava sair do supermercado, pelo corredor de caixas, com o item na sacola, o segurança lhe tomou o produto, mandou que uma funcionária devolvesse à prateleira e o tangiam como quem tenta afastar um bicho ameaçador. Uma senhora que estava na minha frente na fila do caixa tentava explicar o ocorrido, mas não era ouvida pelos funcionários grosseiros e intolerantes. Enquanto isso o pobre garoto se silenciava diante do constrangimento, acuado num canto sem saber o que fazer ou para onde ir.
Dei de encontro com a funcionária que retornava com o feijão e imediatamente ORDENEI, sim ordenei aos gritos, que a mesma retornasse imediatamente e devolvesse o produto ao rapaz, pois eu havia realizado o pagamento.
E assim começou a confusão e a sucessão de absurdos que só pioraram a situação. A moça devolveu o produto ao rapaz e o mesmo rapidamente se foi sem que percebêssemos ou que um pedido adequado de desculpas lhe fosse ofertado.
O segurança informou que a medida fora tomada porque ele estava sem o recibo, porque estava importunando os demais clientes e porque estava andando pela loja com produtos na mão há algum tempo com aparência suspeita.
Ora, nada disso justifica a conduta, primeiramente, não encontraram nada escondido no rapaz, quanto ao recibo, não lhe deram a chance de explicar que eu havia pago, não procuraram explicações e nem me questionaram, antes de tomar medidas mais radicais. Ora, o produto estava em uma sacola e o garoto saia do corredor de caixas, tudo isso são indícios de que o pagamento havia sido realizado, por quem quer que fosse, mas nada disso foi levado à conta. O interessante é que frequento aquele estabelecimento há anos e nunca me pediram para verificar um produto sequer, nunca tive minha nota solicitada, nunca, assim como muitos outros acredito eu.
Outro funcionário logo se aproximou ao ver a confusão e informou que esse era o procedimento padrão, mas que padrão esse para se adotar!?! Então com meu carrinho cheio de mercadorias sugeri que, em cumprimento ao procedimento padrão, o mesmo verificasse item por item na nota se eu também não estaria subtraindo nada, pois saí do mesmo corredor que o garoto sem apresentar recibo, mas o mesmo informou que isso não seria preciso pois eu “era diferente”.
“Diferente”, um conceito meio complexo, já que acredito que sejamos todos diferentes, mas a minha falta de ingenuidade me fez concluir exatamente o que ele quis dizer, então solicitei que explicasse claramente, mas adverti-lo de que isso era discriminação, preconceito e até mesmo crime, acredito eu. Então ele ficou sem palavras, não soube mais o que dizer, não tinha mais o que dizer, enquanto nós, que demos uma voz àquele menino, esbravejávamos indignadas e um público já bastante grande, atento ao que era dito, questionava.
Aumentando a bola de neve que a situação se tornou me disseram que se eu desejasse fazer isso novamente deveria entregar a mercadoria fora do supermercado. Cada vez mais revoltada informei que o que faço com minhas mercadorias não era problema de nenhum deles, se quisesse eu poderia simplesmente derramar tudo ali, largado, e ir embora, porque diferentemente daquele menino, eu pude pagar por aquelas compras, e depois que passei daquele caixa tudo era meu, não sendo mais da conta de nenhum deles o que faço com meus produtos ou a quem entrego cada um deles, nem dentro, nem fora do supermercado.
Em mais uma tentativa frustrada de justificação me disseram que eu não estava ajudando o rapaz, pois ele provavelmente venderia o feijão para comprar drogas, acreditem, sim, me disseram isso, ali, descaradamente, na frente de todo mundo. Os profissionais supostamente sérios e preparados para assegurar a segurança do estabelecimento, para lidar com consumidores, para solucionar crises em um estabelecimento comercial de grande porte, é triste, mas eles fizeram isso.
Gente estúpida, mal preparada, de mente fechada, preconceituosos, julgando por estereótipos, taxam o rapaz de bandido, tomaram-lhe o produto. Eles sim é que me perturbam e me incomodam, não aquele menino que precisava de ajuda, que pediu ajuda, se bem que eles também precisam de ajuda, precisam urgentemente aprender como se trata uma pessoa com respeito, porque todos merecem respeito, TODOS!!!
Seguranças, supervisores, responsáveis pela administração, todos tentado justificar o injustificável. Mas a explicação é simples: discriminaram, taxaram, suspeitaram, acusaram e condenaram o rapaz sem uma chance de explicações ou defesa.
Não porque o mesmo tenha agido errado, não porque estivesse sem o recibo, mas porque era simples, humilde, estava mal vestido, um tanto quanto sujo, pedindo ajuda, estava receoso de ser expulso, se esquivando e depois de tantos nãos, procurava um ser humano que lhe ofertasse um pouco de solidariedade, mas acreditaram que ele não poderia ter pago um pacote de feijão que custou R$ 4,56 (quatro reais e cinquenta e seis centavos), e antes de apurar o ocorrido com responsabilidade, foram totalitários e intolerantes, todo esse absurdo por causa de um produto desse valor! Esse estabelecimento e esses funcionários incompetentes que não souberam lidar com a situação são uma vergonha para nossa comunidade, ou até mesmo para toda a raça humana.
ROZANI ALVES COSTA
Carlos Britto
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
Sobre a Linha 742 e a importância para os moradores de Realengo
E muito triste o que está acontecendo com a linha 742. Esta linha histórica que foi uma das mais importantes e rentáveis da Viação Bangu, sofre com o descaso desta mesma empresa, correndo o risco de acabar de vez. O jornal Extra de ontem e hoje fez duas reportagens sobre essa linha, onde a Viação Bangu desativou a linha mais uma vez e a revelia. Vale lembrar que antes dela fazer isso, a linha já tinha circulação e horários irregulares, o que fez com que muita gente deixasse de pegar a linha.
A Viação Bangu tem operado o 742 maquiado de 777, ou seja, o ônibus da linha 742 chega no ponto final lá na Rua Olimpia Esteves em Padre Miguel e ao chegar ele é mudado para 777 ou para variante dessa mesma linha que passa pela Rua do Governo. O jornal Extra fez esta reportagem devida imensa reclamação feita pelos passageiros ao jornal, já que a prefeitura nada fez para resolver o problema.
Esta linha e a mais antiga desta empresa e foi uma das mais rentáveis da mesma. Ela foi inaugurada pela Viação Andorinha em 1958 com a denominação de S50, ganhando a numeração 742 em 1963, quando o governador do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda fez a reforma das linhas de ônibus na cidade do Rio de Janeiro, transformando cooperativas e empresas de lotação em empresas de ônibus. O ponto final em Cascadura é o mesmo da época da inauguração em 1958, porém o ponto final em Realengo mudou diversas vezes até mudar até mesmo de bairro. Quando a linha começou, ela fazia ponto na Rua Guaraci, ao lado da Igreja Batista Gileade, que na ocasião se chamava Segunda Igreja Batista em Realengo. Até 1974 era a única linha a fazer ponto naquela rua, situação que só mudou quando neste mesmo ano foram inauguradas pela Andorinha as linhas 741 e 743, que quando inauguradas não iam para Bangu e sim até o centro de Realengo. Esta linha permaneceu neste ponto até o final da década de 70, quando seu ponto foi transferido para o seu histórico ponto, na Rua Demétrio Tourinho, ao lado do recém inaugurado loteamento do Parque Real. Alí permaneceu até 1998 quando a Bangu mudou a linha para Padre Miguel, o que falaremos adiante.
Na virada da década de 70 para 80, a Bangu compra a viação Andorinha e a 742 acaba sendo incorporada pela Bangu. Nesta mesma época, Sr. Max Gollo vende a Bangu para Jacob Barata assim como o dono da Andorinha também a vende para o mesmo. Jacob Barata então funde as duas empresas. E é nesta época que a linha 742 vive seus melhores momentos, ou seja, seus momentos de lucro e de boa frota. Nesta época era a linha mais usada pelos moradores da região do Barata e da região da Rua Limites, uma vez que era uma das únicas linhas que iam para Avenida Brasil, Deodoro, Rocha Miranda e a região de Madureira onde fica o Mercadão de Madureira. Por conta disso era uma linha que vivia lotada a ponto de as pessoas viajarem nas portas, como nos trens na parte da manhã e no começo da noite, sobretudo para quem precisava pegar ônibus para o Centro pela Avenida Brasil e para estação de Deodoro.
Era uma linha muito querida no bairro tanto que na Copa do Mundo de 1990, os moradores fizeram uma pintura de um ônibus da linha (com o número 742 na capela, que na ocasião, os ônibus já não ostentava mais as capelas nos seus tetos) com pessoas penduradas na porta e ao mesmo tempo com a bandeira do Brasil nas mãos e comemorando gol da seleção.
Essa linha tinha como trajeto este roteiro: Rua Demétrio Tourinho, Rua Aritiba, Rua Capituva, Rua Guaraci, Rua Tecobé, Rua Ocaibi, Rua do Governo, Rua Limites, Rua General Sezefredo, Avenida Santa Cruz, Estrada General Canrobert da Costa, Avenida Duque de Caxias, Estrada Marechal Alencastro, Avenida Brasil, Estrada João Paulo, Rua das Safiras, Rua Conselheiro Machado, Viaduto Negrão de Lima, Rua Carolina Machado, Praça Nossa Senhora do Amparo. A volta era as mesmas ruas com substituição da Rua General Sezefredo pela Rua do Imperador, Conselheiro Galvão pela Rua Edgard Romero,Incluindo as Ruas Cerqueira Daltro, Bornel e Carvalho de Souza.
Esta linha foi muito importante para mim, Leonardo Ivo, um dos autores deste blog. Eu utilizava esta linha junto com minha família para ir na casa da minha avó em Nilópolis. Nós pegávamos ele na esquina da Rua Aritiba com a Capituva e desciamos na numa praça ao lado da Rua General Possolo para pegar o Nova Iguaçú - Meier, da Viação Nossa Senhora da Penha, ou o Meier - Belford Roxo da mesma empresa ou o Deodoro - Nilópolis da Viação Nilopolitana, na Estrada São Pedro de Alcântara, que na época ainda tinha em sua frota Caios Grabriela com Chassis Mercedes LPO 1113 em plena virada das décadas de 80 para 90. Nós iamos par a casa dela pelo menos uma vez por mês ou a cada 15 dias. Para voltar a Realengo desciamos na Avenida Brasil, no caso desta linha da Nilopolitana ou na mesma praça citada deste texto e pegávamos o 742 de volta para casa. Vale lembrar que esta linha foi muito importante para mim para ir para escola, para passear e foi onde conheci um grande amigo, Alexandre Britto, onde este em 1994 foleava prospectos de encarroçadoras e foto e alí começou nossa amizade. E esta amizade dura até hoje, graças ao 742. Isso sem contar o fliperama que ficava no ponto final desta mesma linha na Rua Demétrio Tourinho, onde eu era frequentador assíduo.
Só uma curiosidade, 1989, a Bangu comprou uma grande frota de ônibus Ciferal Alvorada com os chassis Mercedes Benz 1315 para a 742, tamanha a importância que esta linha tinha na empresa, porém devido a demanda forte da linha,cinco anos depois estes ônibus já estariam velhos e surrados, o que comprovava o quanto a linha era movimentada.
Em 1995 veio a cisão onde a Andorinha retornava, porém as linhas que esta empresa assumiria não seriam aquelas que deixou de assumir no final da década de 70 e sim as linhas que eram originalmente da Bangu. Enquanto isso, a Bangu assumiria as linhas que eram da Andorinha, incluindo o 742.
Até este momento pouca coisa muda para a 742. Sua situação começa a mudar em 1997 quando surge a 367 da então guerreira Feital. Esta linha começa a roubar passageiros da 742, uma vez os passageiros não mais precisava pegar duas conduções para ir para o centro e sim uma. E também não dependiam mais do 391, cujo os horários eram irregulares. Nesta mesma época, a Feital também tenta criar uma linha Marechal Hermes - Itaguai passando pelo Barata, que dura poucos dias. E neste momento que a Bangu passa a investir na 794, que na ocasião vivia o mesmo ostracismo que vive hoje a 742. Nesta época a 794 ia até Padre Miguel, onde fica o ponto do 391, tinha circulação rarefeita e por conta disso vivia lotada. A Bangu transfere o ponto da 794 para Bangu, para a Rua Silva Cardoso, ao lado da Primeira Igreja Batista de Bangu. A partir deste momento, o número de passageiros da 742 cai pela metade, pois a Bangu além de mudar o ponto final do 794, passa a investir pesadamente nela, colocando mais ônibus e e diminuindo os seus intervalos.
O verdadeiro golpe de misericórdia a 742 ocorreu em 1998, quando equivocadamente a Bangu muda seu ponto da Rua Demétrio Tourinho para a Praça dos Abrolhos. Após isso a linha nunca mais foi a mesma e foi perdendo passageiros. Entre 1999 e 2000 a Bangu cria uma variante da 777 que passa pela Rua do Governo. A 742 nunca mais se recuperou e a Bangu foi mudando seu ponto e trajeto diversas vezes, até desativar a linha por volta de 2003 e 2004. Nesta mesma epoca, a Viação Bangu vivia uma crise financeira e adminstrativa em função da concorrência do transporte "alternativo" pirata e de sucessivos erros administrativos, a ponto de quase fechar as portas no começo de 2008, quando suas linhas quase foram repassadas para a Andorinha e a 383 para a Estrela. Neste mesmo ano ela é vendida e sofre um grande processo de revitalização, onde várias linhas como a 742 são reativadas.
Quando a 742 volta, esta retorna com ponto na Rua Ribeiro de Andrade e logo tem seu ponto alterado para a Praça dos Abrolhos. A principal novidade no seu retorno era que não mais passava por Honório Gurgel e sim na estação do Metrô de Coelho Neto, o que foi uma mão na roda para os moradores de Realengo. Ainda sim a Bangu, muda o ponto da 742 novamente colocando o ponto junto com a linha 777. Após isso ela volta a ter o funcionamento irregular e o resultado é esses que vocês leram no jornal Extra.
Isso é muito triste para uma linha que cresceu junto com o bairro de Realengo e trouxe desenvolvimento e progresso para o sub bairro do Barata. E uma opção para a Avenida Brasil para vários lugares como Rocha Miranda e Mercadão de Madureira, onde as linhas que também atendem estes locais quando não dão volta, tem seus pontos longe das residências dos moradores do Barata. O certo era a linha voltar a fazer ponto final na Rua Demétrio Tourinho e retornar com parte de seu itinerário original, mantendo apenas o trajeto onde esta passa na estação de Coelho Neto. Esta linha é lucrativa e muito util para os moradores de Realengo. Tanto é util que há linhas de kombis piratas que fazem o trajeto original da 742, da estação de Realengo a rua onde foi históricamente seu ponto. Cabe a direção da Bangu rever suas politicas adminstrativas e dar o devido valor que a linha e os seus passageiros merecem.
sábado, 16 de fevereiro de 2013
Hipóteses para a sucessão papal
Com a multiplicação de nacionalidades representadas no conclave que elege os papas, o sucessor de Bento XVI poderá vir de qualquer lugar. E poderá ter qualquer foco em seu pontificado. O nome desse Papa e o foco que ele terá depende fundamentalmente das questões priorizadas pelos cardeais eleitores do conclave. Além, obviamente, do direcionamento espiritual que qualquer líder religioso deve (ou deveria) buscar.
Se os cardeais eleitores quiserem que o futuro Papa priorize questões mais tradicionais da Igreja e mesmo o diálogo com outras agremiações cristãs e com as outras crenças abraâmicas (judaísmo e islamismo), é provável que elejam um Papa europeu, e que ele seja possivelmente um Papa italiano, dada a prevalência de cardeais italianos no conclave (são cerca de 22 cardeais italianos num universo de 119).
Se os cardeais eleitores (mesmo os europeus, a esmagadora maioria) admitirem que a igreja europeia precisa de uma sacudida, talvez um Papa de fora da Europa seja a melhor pedida. Um profeta não é bem vindo em sua terra. Um Papa missionário poderá ajudar o catolicismo europeu, que anda sofrendo com uma série de questões. Alguns organismos da Igreja Católica tem uma história de eurocentrismo: aquela doutrina aplicada em várias áreas humanas segundo a qual os europeus devem ensinar ao mundo, sem que os outros lhes ensinem. Um Papa de fora da Europa reverteria o eurocentrismo: a Europa também tem o que aprender com outras partes do mundo.
Na hipótese de um Papa de fora da Europa, o mais provável é que ele venha da América Latina ou da África, de onde vem alguns cardeais eleitores influentes. A igreja latinoamericana e a africana são as que mais cresceram nos últimos séculos. Não sem problemas. Um Papa latinoamericano ou um africano poderá atacar os problemas do catolicismo nessas regiões. Há a hipótese remota de surgir um Papa americano, pois o segundo maior grupo de cardeais eleitores é de americanos (o maior é o de italianos) e a Igreja americana tem uma pujança enorme no país e tem influência no Vaticano, a despeito dos bispos e padres americanos que violaram os mais diversos votos e promessas feitas por ocasião de suas ordenações e atraíram a reprovação até dos fiéis católicos. Contra os papáveis americanos pesa a influência do próprio país de origem, influência já considerada enorme em qualquer campo a nível mundial e que poderia melindrar adversários históricos do papado, como o governo da China. Outra questão: um Papa americano representaria mais os interesses da Igreja ou os interesses da nação americana? É o mesmo tipo de dúvida que ameaçou a eleição do presidente John Kennedy, até hoje o único católico a chegar à Presidência dos Estados Unidos, país pródigo em eleger protestantes para o cargo. Por fim, apontam a possibilidade remota de surgir um Papa filipino ou canadense.
Um Papa latinoamericano seria uma cartada tão ou mais ousada que a da eleição do Papa João Paulo II. O Papa polonês foi o primeiro Papa de fora da Itália em séculos, e foi decisivo na queda do comunismo no Leste Europeu, inclusive em seu país natal. A eleição de um Papa latinoamericano deverá ter impacto semelhante. Dependendo do país natal do Papa, se repetirá o mesmo que aconteceu na Polônia, cujos governantes locais viram seus esquemas de poder caírem com o passar do tempo, muito por influência do Papa conterrâneo. Aliás, a América Latina possuiu e possui, como outras regiões do mundo, vários governantes que não largam o cargo mesmo com incapacidade física para exercerem o cargo. O oposto do que Bento XVI prometeu fazer no próximo dia 28.
Tudo isso são apenas hipóteses para a sucessão papal. Hipóteses que levam em conta aspectos espirituais, aspectos de gestão e aspectos geopolíticos. O Papa é líder de um credo com mais de 1,1 bilhão de seguidores declarados (alguns só declarados, sem o serem de fato ou sem praticarem) e é também chefe de um minúsculo Estado independente que lhe serve basicamente para formular pronunciamentos, documentos, normas eclesiásticas e leis canônicas sem prestar contas a nenhuma autoridade secular. Um Papa só pode ser grande se não ignorar os aspectos espirituais, nem os de gestão nem os geopolíticos.
Texto publicado originalmente no Blogue do Delfino.
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Marcelo Delfino
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sábado, fevereiro 16, 2013
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Bryan Singer promete corrigir bagunça que Fox fez na cronologia dos filmes da franquia X-Men
Resposta para Judão publicada no Facebook:
Passei o carnaval assistindo esses cinco filmes dos X-Men, inclusive o primeiro solo do Wolverine. O que tem de quebra de continuidade entre o Primeira Classe e os outros quatro filmes, putz... O Xavier fica paraplégico no fim do First Class, aparece andando no filme do Wolverine, andando num flash back do Confronto Final (vinte anos antes da trama do Confronto Final) e de cadeira de rodas em todo o restante da trilogia.
Falam que, nos quadrinhos, vivem trocando a condição física do Xavier. Uma hora com paraplegia, na outra sem, na outra com paraplegia de novo...
Se não consertarem essa bagaça, melhor ressuscitarem a Fênix e convencerem ela a destruir a Fox toda, como fez com aquele monte de soldados, capangas da Irmandade e a fábrica da Worthington Labs em Alcatraz.
Texto publicado originalmente no Blogue do Delfino.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
Mais uma bolsa do governo: Bolsa novela
E bolsa isso, bolsa aquilo e por ai vai. E mais paternalismo, para manter o povo cada vez mais encabrestado.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, explicou que o projeto - de autoria da pasta - pretende doar conversores digitais às famílias atendidas pelo programa Bolsa Família.
A ideia é discutida porque o governo prepara o leilão da faixa de frequência de 700 MHz, atualmente ocupada pela TV analógia, destinando-a às operadoras para que implantem o 4G. Com isso, só sobraria o sinal de TV digital, que demanda um televisor adaptado um um conversor.
Bernardo disse que o Ministério já faz estudos de impacto financeiro para, depois, enviar a proposta à presidente Dilma Rousseff. O "bolsa novela" concederá benefícios fiscais e subsídios, além de facilitar crédito para quem adquirir TVs e conversores digitais. Para ajudar a população de baixa renda, o governo pode bancar parte ou mesmo toda a aparelhagem.
Televisores digitais custam a partir de R$ 300, enquanto os conversores saem por R$ 100 - dos quais R$ 25 são tributos estaduais e federais. Outra medida em estudo pelo governo é desonerar os conversores.
Todas as medidas, entretanto, só valeriam a partir de 2015, sendo que o leilão está programado para 2014. Ou seja, até lá, muita gente deve ficar sem assistir a televisão
Olhar Digital
Governo pode criar 'bolsa novela' para popularizar a TV digital
Ministro das Comunicações diz que estuda doar aparelhos a quem não pode comprá-los 07 de Fevereiro de 2013 | 09:02hJá que quer acelerar a adoção da telefonia 4G e, para isso, terá de acabar de vez com a TV analógica, o governo prepara uma medida que ajudará a popularizar o sinal digital, o que vem sendo chamado de "bolsa novela".Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, explicou que o projeto - de autoria da pasta - pretende doar conversores digitais às famílias atendidas pelo programa Bolsa Família.
A ideia é discutida porque o governo prepara o leilão da faixa de frequência de 700 MHz, atualmente ocupada pela TV analógia, destinando-a às operadoras para que implantem o 4G. Com isso, só sobraria o sinal de TV digital, que demanda um televisor adaptado um um conversor.
Bernardo disse que o Ministério já faz estudos de impacto financeiro para, depois, enviar a proposta à presidente Dilma Rousseff. O "bolsa novela" concederá benefícios fiscais e subsídios, além de facilitar crédito para quem adquirir TVs e conversores digitais. Para ajudar a população de baixa renda, o governo pode bancar parte ou mesmo toda a aparelhagem.
Televisores digitais custam a partir de R$ 300, enquanto os conversores saem por R$ 100 - dos quais R$ 25 são tributos estaduais e federais. Outra medida em estudo pelo governo é desonerar os conversores.
Todas as medidas, entretanto, só valeriam a partir de 2015, sendo que o leilão está programado para 2014. Ou seja, até lá, muita gente deve ficar sem assistir a televisão
Olhar Digital
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
Outdoor móvel substituindo pintura padronizadada dos ônibus urbanos
E se no lugar das famigeradas pinturas padronizadas que os ônibus urbanos ostentam em várias cidades do país, estas fossem substituidas por propaganda publicitária? Já pensou pegar um ônibus da Tim, um da Skol, da Claro? Em muitas cidades do mundo isso é possivel. Aqui no Brasil, só ônibus de fretamento podem ser usados como outdoor publicitário. O que acham dos ônibus urbanos virarem outdoor? De uma linha ser bancada por um anunciante (isso não significa pegar onibus de graça)? Bem, para nós dos blogs Fatos Gerais e Movimento Antipadronização dos ônibus do Brasil, tal ideia obviamente não nos agrada, porém antes isso do que pintura padronizada para exaltar politicos corruptos. Reflitam!
Resposta padrão da redação de um jornal...
Esta foi a resposta padrão que a redação do jornal Destak deu a um leitor que questionava a abordagem excessiva de um assunto por parte da mídia em geral. Tal noticia saiu na edição de 6 de fevereiro de 2013. Confira!
www.destakjornal.com.br
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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
Lincoln (filme)
Filmes retratando a figura do presidente Abraham Lincoln houve vários na história do cinema. Até mesmo um filme francamente fantasioso, em que o presidente era, secretamente, um caçador de vampiros. Filmes idiotas sobre vampiros viraram uma doença no cinema hollywoodiano nos últimos anos. Ironicamente, coube ao historicamente escapista cineasta Steven Spielberg fazer agora um filme realístico sobre o icônico político americano, da Guerra de Secessão ocorrida durante seu mandato até o assassinato (o assassino não é mostrado ou mencionado no filme).
Há anos Spielberg se diz arrependido dos "filmes escapistas" (definição dele) que ele fez no auge de sua carreira. Filmes como Tubarão, E.T. e a saga Indiana Jones, fora os filmes de fantasia que ele produziu, como Gremlins e a saga De Volta Para o Futuro. Meu amigo Alexandre Figueiredo tem razão em criticar canais de TV que tentam enquadrar Steven como um cineasta de filmes de arte ou de cinema alternativo, não como o competente cineasta pop que é. Spielberg diz que passou a fazer mais filmes "sérios" a partir do momento em que ele se tornou pai, dizendo querer deixar um legado permanente que ensinasse algo para os filhos. Filmes na linha de A Lista de Schindler e O Resgate do Soldado Ryan, este talvez o melhor da filmografia dele. Mas nem este escapou de alguma pieguice, algo comum em filmes pop ou em filmes de drama feitos por cineastas pop. Não é nada verossímil que um pelotão de militares americanos da Segunda Guerra Mundial fossem destacados apenas para tirar vivo do campo de batalha um único soldado só porque seus três irmãos tinham morrido em combate na mesma guerra.
Talvez o maior mérito de Steven Spielberg neste filme Lincoln tenha sido não interferir na história e deixar o elenco à vontade. Porque é o elenco que faz este filme ser magistral, salvando-o do ar de documentário arrastado e monótono que fatalmente teria se tivesse sido feito por um diretor incompetente ou se tivesse um elenco mediano. O filme também acertou muito em mostrar todos os lados do icônico presidente Lincoln. Lado bom e lado mau, diga-se de passagem. O lado bom mostrado: seu combate à escravidão, iniciado com a Proclamação de Emancipação e tendo seu auge no assunto principal da trama do filme: o processo político que levou à 13ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos. O lado mau mostrado: para chegar à 13ª Emenda, Lincoln não hesitou em trocar votos de representantes (deputados) democratas que perderam a reeleição em 1864 por cargos de confiança no seu segundo mandato presidencial. Um tipo de relação entre os poderes Executivo e Legislativo que se tornaria rotina em muitos países do continente nos séculos seguintes.
Aqui, alguns parêntesis ausentes no filme: o Partido Democrata era na época um partido ultraconservador, daqueles que conservam o que deveriam e o que não deveriam. O Partido Democrata só viraria para a atual realpolitik de esquerda liberal no século XX. O então novato Partido Republicano (nascido em 1854) tinha sido fundado exatamente para promover o liberalismo econômico, o que incluía a abolição da escravatura. Mesmo assim, o movimento abolucionista não era unanimidade entre os republicanos. O próprio Lincoln (um republicano) era contra a escravidão, mas era inseguro quanto a aderir ao movimento. Só optou por aderir irreversivelmente ao movimento quando viu na Abolição uma oportunidade de dar fim à motivação dos Estados Confederados da América em irem para a guerra civil, e por consequência apressar o fim da própria guerra. Mas, por essa época, Lincoln já estava sendo influenciado por pensadores que se diziam favoráveis à subordinação do capital ao trabalho, como Karl Marx. Algo que seria inadmissível no Partido Republicano a partir do século XX.
Publicado originalmente no Blogue de Delfino em 31 de janeiro de 2013.
Postado por
Marcelo Delfino
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terça-feira, fevereiro 05, 2013
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Django Livre
Já faz uma semana que estreou o sétimo lançamento do diretor Quentin Tarantino: Django Livre. Trata-se de mais um filme de drama com muita ação, em que Tarantino mexe diretamente com um gênero que sempre o influenciou: o chamado western spaghetti. É um bom filme, mais ainda para quem aprecia algum desses gêneros. Conta com um elenco de nomes já conhecidos. Jamie Foxx ficou com o papel principal: Django, ex-escravo nos Estados Unidos do século XIX (antes da escravidão ser abolida por lá) que, ao ser alforriado, torna-se um caçador de recompensas que passa a caçar seus ex-senhores e ex-capatazes. Christoph Waltz (o oscarizado de Bastardos Inglórios) ficou com o papel de um alemão, caçador de recompensas parceiro de Django. Leonardo DiCaprio aparece como um rico fazendeiro escravocrata e Samuel L. Jackson aparece como o empregado de confiança do personagem de DiCaprio, a ponto de o personagem de Jackson ser tão cruel e racista quanto o patrão escravocrata, mesmo sendo o próprio empregado um negro.
Embora os filmes de Quentin Tarantino sejam bons, ele tem se tornado uma espécie de Ramones do cinema. O que, no caso deles, não é ruim. Os Ramones praticamente regravaram o mesmo disco umas dez vezes. Já o Tarantino fez praticamente o mesmo filme sete vezes. Apenas trocou a história, os personagens, o tempo e as locações. De resto, Django tem todos os elementos que Tarantino faz questão de colocar em seus filmes: tiroteios, sangue jorrando, diálogos longos e complexos, personagens buscando vingança, dança (aqui ficou a cargo do cavalo de Django, em cena impagável) e o fetiche por pés descalços que Tarantino insiste em dividir com o distinto público com closes de pés descalços das atrizes. Se bem que desta vez ele foi super discreto no único close com a atriz que faz o papel da esposa do Django: apenas uma cena banal da mulher dormindo sozinha no quarto escuro. E ainda por cima com a câmera em movimento. Bem diferente da podolatria forçada nos outros filmes.
Mas esse filme traz elementos novos na filmografia de Tarantino. Há aqui tomadas de tiroteios ainda mais arrojadas que nos filmes anteriores. Os elementos mais evidentes são os temas do racismo contra negros e a escravatura que havia nos Estados Unidos até meados do século XIX. O filme faz bem em fazer uma abordagem radicalmente contrária tanto ao racismo quanto à escravatura, mesmo quando deixa os vilões verbalizarem seus pensamentos racistas. Não é uma apologia do racismo. Ao explicitar o racismo, o filme o faz em tom de denúncia, tipo "É mentira que racismo não existe! Olhem estes racistas aqui!". O parceiro alemão de Django mostra logo no início do filme com palavras e atitudes ser contra tanto ao racismo quanto à escravatura. Em que circunstâncias Django conhece seu parceiro de caçadas e como ele obtém a alforria são detalhes que deixo para os leitores descobrirem junto com os outros detalhes ao assistirem o filme.
O tema da escravatura nos Estados Unidos do século XIX também é abordado em outro filme: Lincoln, o novo do Spielberg que está sendo lançado hoje. Mas isso é assunto para outro texto.
Publicado originalmente no Blogue do Delfino em 25 de janeiro de 2013.
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terça-feira, fevereiro 05, 2013
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'O Espetacular Homem-Aranha' se garante com suspense e com diálogos. Não serve como filme de ação
Apenas no sábado passado acabei de conferir o filme O Espetacular Homem-Aranha, através de uma cópia em Blu-ray. Este filme é bom pra quem gosta de suspense e de diálogos. Pra quem gosta de ação, não serve. Por isso o filme falha na proposta de ser um filme de ação, que é o que esses filmes todos de personagens da Marvel deveriam ser.
Pelo menos deram uma base adequada para o Homem-Aranha pros próximos filmes e mesmo para o milagre de sua participação em Os Vingadores 2. E a estreia do Lagarto em sua forma réptil em filmes também foi boa.
Publicado originalmente no Blogue de Delfino em 2 de janeiro de 2013.
O Hobbit: Uma Jornada Inesperada
Há alguns meses foi reaberto o tradicional cinema Imperator, agora um centro cultural da Prefeitura com três salas de cinema, teatro, espaço para exposições e terraço ao ar livre no alto do prédio onde ficava o antigo telhado. Só conheci o novo Imperator na última terça-feira, ao escolher o local para ver o novo filme O Hobbit: Uma Jornada Inesperada. Vi na sala 1, com direito a imagem 3D. E som original e legendas na tela, porque rejeito filme dublado com todas as minhas forças, sempre que possível. Deixei de ver outros filmes perto de casa e fui pra Botafogo e pra Barra da Tijuca só pra ver aqueles outros filmes com som original e legendas.
Sobre este filme em questão, trata-se do primeiro dos três filmes que o diretor Peter Jackson lançará baseados no livro O Hobbit de J. R. R. Tolkien. Jackson está fatiando (© 2012 - Joaquim Barbosa) o livro em três partes, ou seja, em três filmes. Para delírio do enorme fã-clube de Tolkien espalhado em dezenas de países. E, a julgar por esse primeiro filme da trilogia O Hobbit, o fatiamento está saindo bem feito e consistente.
Acredito que estão exagerando um pouco com alguns elogios a esse primeiro filme da trilogia. Já houve gente dizendo que o filme é melhor do que os da trilogia O Senhor dos Anéis, outra trilogia de Jackson, esta baseada nos três livros da trilogia homônima de Tolkien. Mas também não é um filme inferior. É um filme sensacional com outra abordagem. Enquanto aqueles filmes da saga O Senhor dos Anéis tinham uma abordagem mais clássica, este de O Hobbit tende mais para o atual cinema arrasa-quarteirão, com humor e as acachapantes cenas de ação, que se agravam a cada avanço do protagonista Bilbo Baggins e de seus amigos anões na jornada empreendida por eles. O filme, no entanto, mantêm algo da aura classicona dos da outra trilogia de Jackson, sem se tornar um filme arrasa-quarteirão fútil como tantos que tem por aí. Não entregarei nada da história deste texto. O que apenas faço questão de anotar (e isso não é revelação da história em si) é que fica a impressão de que o protagonista Bilbo Baggins era, de fato, o mais ativo herói hobbit de ação da franquia O Hobbit-O Senhor dos Anéis de Tolkien. Embora o maior herói da franquia seja seu sobrinho Frodo, que mesmo sendo mais contido, foi o único com desprendimento suficiente para levar o lendário Um Anel para ser destruído na mesma montanha vulcânica em Mordor onde o vilão Sauron o havia forjado. Mas essa história da destruição do Um Anel começa apenas na trilogia O Senhor dos Anéis.
Publicado originalmente no Blogue de Delfino em 25 de dezembro de 2012.
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Terceiro filme da trilogia de Nolan esculhamba movimento Ocupa
Esse filme Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge é uma bobagem medonha, mesmo sendo tecnicamente bem feito. Christopher Nolan foi profético ao dizer que temia não encontrar uma boa história para suceder a do sensacional filme Batman - O Cavaleiro das Trevas, este por sua vez sucessor de Batman Begins.
Pra começar, esse filme reproduz com os piores estereótipos possíveis os fatores que geram a paranóia do americano médio. E os tais demônios são exorcizados da pior maneira: com um filme com tantos tiros e bombas quanto qualquer filme de Stallone, Schwarzenegger ou qualquer outro ícone do cinema brutamonte oitentista. Se o Cavaleiro das Trevas tinha um vilão genial e atemporal como o Coringa, este tem o Bane, outro egresso da Liga das Sombras, tal como Ra's Al Ghul no primeiro filme. Só que este Bane é o arquétipo dos preconceitos do americano médio contra os movimentos sociais, notadamente o movimento Ocupa (Ocupa Wall Street, Ocupa Nova York, etc). Qual a melhor maneira de vilanizar um movimento social em filme? Criar uma milícia criminosa que lembre um movimento social com milhares de pessoas, no caso o Ocupa. A milícia de Bane chega a fazer um assalto à Bolsa de Valores de Gotham (clara referência a Wall Street), despoja os ricos de Gotham (quer pecado maior para o americano médio eleitor do Partido Republicano?) e destrói o campo de um estádio de futebol americano lotado (outro símbolo americano). Pra não esquecermos que Bane é um vilão, ele faz um discurso demagógico de que o poder da elite de Gotham deve ser entregue para o povo comum, mas ele mesmo passa meses da história como o déspota de Gotham, agora transformada em "sua" cidade-estado, separada do resto do mundo. Ele só não controla o tribunal da milícia, presidido pelo Espantalho.
Christopher Nolan devia ter deixado a franquia do Batman descansar em paz, e respeitar a memória do ator Heath Ledger, ganhador do Oscar póstumo de melhor ator coadjuvante com o papel de Coringa do filme anterior. Não podia encerrar sua trilogia de filmes do Batman com essa bobajada. E, se for pra falar de milícia, o pessoal do Tropa de Elite 2 fez isso bem melhor. Mesmo não sendo o Tropa 2 nenhuma obra de arte cult.
Publicado originalmente no Blogue do Delfino em 2 de agosto de 2012.
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Sobre o envolvimento das igrejas evangélicas com a Ditadura Militar
Eu já desconfiava disso já ha um certo tempo, pois notei que o crescimento das igrejas evangélicas não se deu apenas com dinheiro de missões arrecadados anualmente em campanhas realizadas nos templos. Até porque tal quantia arrecadada quase sempre era baixa para manter tal empreitada.
Vale lembrar que as igrejas evangélicas já estão no Brasil ha pelo menos dois séculos. E no caso das pentecostais a um século, ou seja, elas estão aqui no Brasil ha bastante tempo. Se fosse para expandir por suas próprias forças, elas já estariam presentes nos locais onde estão como favelas, suburbios e bairros distantes há bastante tempo, o que de fato não ocorreu. Sua expansão se deu justamente no começo dos anos 60 em diante, justamente quando a Ditadura Militar se instalou no Brasil.
Até esta década, o que predominava em termo de templos religiosos em favelas e subúrbios eram capelas e terreiros. Os terreiros existiam em função dos seguidores destes terem sido escravos no passado, ou seja, trouxeram as religiões e costumes da África e continuaram os conservando mesmo depois de já estarem no Brasil. E quanto as capelas, estas eram mantidas pelas paróquias próximas e pelos migrantes nordestinos, que na ocasião sempre foram seguidores fieis do catolicismo. Neste cenário havia poucas igrejas evangélicas nestes locais e tal situação durou até o final da década de 60.
Um outro fato a ser acrescentado também é que a Igreja Católica não rompeu apenas por causa dos motivos do texto abaixo. Ela rompeu também, porque a sua orientação politica havia sofrido uma forte mudança, graças ao Concilio Vaticano II, onde a Igreja abandonou parcialmente ideias de direita e passou a não concordar com a existência de ditaduras. Com isso, os EUA e a CIA não tinha mais com quem contar e a partir dai passou a financiar as igrejas evangélicas, que a partir deste momento tiveram um crescimento astronómico.
Este texto endossa algo que eu já desconfiava há muito tempo, mas que não tinha prova. Era apenas desconfiança em função de fatos que pareciam apenas coincidência.
Apesar deste fato triste da história do Brasil e do Protestantismo, nem todas as denominações protestantes aderiram a Ditadura. Muitos foram mortos e perseguidos. E várias denominações como a Batista e a Metodista se insurgiram contra ela. Vale lembrar que na década de 80 a igreja Metodista de Realengo teve um pastor que era esquerdista convicto ( não era ateu, mesmo sendo esquerdista) e que combatia a ditadura em seus cultos, mas também nas ações gerais da igreja naquela localidade. Por isso é importante esclarecer tais fatos para não haver injustiças.
Por fim, leiam o texto e tirem suas conclusões.
Blog de um sem Midia
Vale lembrar que as igrejas evangélicas já estão no Brasil ha pelo menos dois séculos. E no caso das pentecostais a um século, ou seja, elas estão aqui no Brasil ha bastante tempo. Se fosse para expandir por suas próprias forças, elas já estariam presentes nos locais onde estão como favelas, suburbios e bairros distantes há bastante tempo, o que de fato não ocorreu. Sua expansão se deu justamente no começo dos anos 60 em diante, justamente quando a Ditadura Militar se instalou no Brasil.
Até esta década, o que predominava em termo de templos religiosos em favelas e subúrbios eram capelas e terreiros. Os terreiros existiam em função dos seguidores destes terem sido escravos no passado, ou seja, trouxeram as religiões e costumes da África e continuaram os conservando mesmo depois de já estarem no Brasil. E quanto as capelas, estas eram mantidas pelas paróquias próximas e pelos migrantes nordestinos, que na ocasião sempre foram seguidores fieis do catolicismo. Neste cenário havia poucas igrejas evangélicas nestes locais e tal situação durou até o final da década de 60.
Um outro fato a ser acrescentado também é que a Igreja Católica não rompeu apenas por causa dos motivos do texto abaixo. Ela rompeu também, porque a sua orientação politica havia sofrido uma forte mudança, graças ao Concilio Vaticano II, onde a Igreja abandonou parcialmente ideias de direita e passou a não concordar com a existência de ditaduras. Com isso, os EUA e a CIA não tinha mais com quem contar e a partir dai passou a financiar as igrejas evangélicas, que a partir deste momento tiveram um crescimento astronómico.
Este texto endossa algo que eu já desconfiava há muito tempo, mas que não tinha prova. Era apenas desconfiança em função de fatos que pareciam apenas coincidência.
Apesar deste fato triste da história do Brasil e do Protestantismo, nem todas as denominações protestantes aderiram a Ditadura. Muitos foram mortos e perseguidos. E várias denominações como a Batista e a Metodista se insurgiram contra ela. Vale lembrar que na década de 80 a igreja Metodista de Realengo teve um pastor que era esquerdista convicto ( não era ateu, mesmo sendo esquerdista) e que combatia a ditadura em seus cultos, mas também nas ações gerais da igreja naquela localidade. Por isso é importante esclarecer tais fatos para não haver injustiças.
Por fim, leiam o texto e tirem suas conclusões.
ANOS DE CHUMBO - As igrejas e o golpe.
Igrejas foram instrumento político a favor do golpe
Para dar conta da tarefa de levantar dados sobre a ditadura militar,
principal foco da Comissão Nacional da Verdade (CNV), seus
membros passaram a coordenar grupo de pesquisadores. Um desses grupos dedica-se
exclusivamente à relação entre as igrejas e o movimento golpista. Ele é composto
por especialistas em questões religiosas, coordenado por Anivaldo Padilha.
A reportagem é do sítio ALC, 04-02-2013.
Padilha é membro da Igreja Metodista, atua em Koinonia – Presença Ecumênica e Serviço, e integra o Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI). Nos anos de chumbo, ele militou na organização Ação Popular (AP), foi perseguido, preso, torturado e obrigado a se exilar. A primeira tarefa da comissão é revisar a documentação sobre o tema em arquivos públicos para, em seguida, coletar depoimentos.
Parte importante da literatura arquivada mostra o papel da resistência da Igreja Católica à ditadura, mas isso se torna consistente após o AI-5 (Ato Institucional número 5). A primeira parte da história, até 1968, ainda tem lacunas nas quais os pesquisadores se concentram. A Igreja Católica rompe com a ditadura quando a tortura foi institucionalizada e padres começaram a ser presos e sofreram perseguições, sobre o qual existe muita pesquisa e informação.
O grupo pesquisa ainda o apoio e colaboração dos protestantes, chamados evangélicos, nesse período histórico, desde que “ajudaram a preparar o clima político que levou ao golpe militar de 1964″. Padilha observa que a CNV tem pouca coisa sobre a resistência entre os protestantes. Informações sobre essa questão serão buscadas pelo grupo.
“Houve um período em que as igrejas apoiaram. Esse apoio aparece de forma evidente no material sobre a preparação do golpe militar de 1964”. Padilha explica que, devido ao clamor anticomunista, as igrejas foram utilizadas como instrumento político a favor do golpe - ingênua ou deliberadamente - ajudando a criar o ambiente que levou à derrubada do governo e do qual a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” é parte da legitimidade religiosa.
Os dados indicam que logo após o golpe não houve diferença entre as ações das igrejas protestantes e da católica, observa Anivaldo, “Todas continuaram contribuindo para a legitimação da ditadura. Por meio de pronunciamentos e atos oficiais, bispos e cardeais apoiaram os golpistas até o final de 1968, com a promulgação do Ato Institucional n.º 5 e a institucionalização da tortura como método sistemático de interrogatório”. A prisão de padres e a implantação do estado de terror foi o limite a partir do qual a hierarquia católica reagiu firmemente contra a ditadura.
Já no caso protestante, as principais lideranças continuaram apoiando o regime, mesmo após o AI-5. Depois de certo momento, na década de 1970, começou o fortalecimento da oposição em setores protestantes, a partir de sua aproximação com os católicos. Padilha não reluta ao afirmar que “de maneira geral, tanto os católicos quanto os evangélicos, em termos de instituição, tiveram posições dúbias em relação à ditadura”.
O líder ecumênico enfatiza que “não se deve ignorar, porém, que desde antes do golpe existia um setor ecumênico que apoiava as reformas de base que vinham sendo discutidas no Brasil e que se opunha à intervenção militar. É preciso aprofundar a análise de todos esses aspectos”. Ele admite que o campo de pesquisa é amplo e que o grupo não terá condições de cobrir o universo, do ponto de vista geográfico e temático. "Faremos escolhas, os casos emblemáticos", informa Padilha.
Ele participa do movimento ecumênico desde a década de 50 do século passado. Padilha discutiu reformas políticas, defendeu as reformas de base em 1964. Ao ser preso em 1970 por causa das posições políticas e da militância na AP, permaneceu um ano na prisão. Libertado, viveu na clandestinidade sendo obrigado a sair do Brasil, com o cerco se fechando. Viveu no Uruguai, Argentina, Chile. Mudou-se para os Estados Unidos, onde viveu oito anos e, com o apoio do mundo ecumênico, foi para o Conselho Mundial de Igrejas, em Genebra, Suíça.
A reportagem é do sítio ALC, 04-02-2013.
Padilha é membro da Igreja Metodista, atua em Koinonia – Presença Ecumênica e Serviço, e integra o Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI). Nos anos de chumbo, ele militou na organização Ação Popular (AP), foi perseguido, preso, torturado e obrigado a se exilar. A primeira tarefa da comissão é revisar a documentação sobre o tema em arquivos públicos para, em seguida, coletar depoimentos.
Parte importante da literatura arquivada mostra o papel da resistência da Igreja Católica à ditadura, mas isso se torna consistente após o AI-5 (Ato Institucional número 5). A primeira parte da história, até 1968, ainda tem lacunas nas quais os pesquisadores se concentram. A Igreja Católica rompe com a ditadura quando a tortura foi institucionalizada e padres começaram a ser presos e sofreram perseguições, sobre o qual existe muita pesquisa e informação.
O grupo pesquisa ainda o apoio e colaboração dos protestantes, chamados evangélicos, nesse período histórico, desde que “ajudaram a preparar o clima político que levou ao golpe militar de 1964″. Padilha observa que a CNV tem pouca coisa sobre a resistência entre os protestantes. Informações sobre essa questão serão buscadas pelo grupo.
“Houve um período em que as igrejas apoiaram. Esse apoio aparece de forma evidente no material sobre a preparação do golpe militar de 1964”. Padilha explica que, devido ao clamor anticomunista, as igrejas foram utilizadas como instrumento político a favor do golpe - ingênua ou deliberadamente - ajudando a criar o ambiente que levou à derrubada do governo e do qual a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” é parte da legitimidade religiosa.
Os dados indicam que logo após o golpe não houve diferença entre as ações das igrejas protestantes e da católica, observa Anivaldo, “Todas continuaram contribuindo para a legitimação da ditadura. Por meio de pronunciamentos e atos oficiais, bispos e cardeais apoiaram os golpistas até o final de 1968, com a promulgação do Ato Institucional n.º 5 e a institucionalização da tortura como método sistemático de interrogatório”. A prisão de padres e a implantação do estado de terror foi o limite a partir do qual a hierarquia católica reagiu firmemente contra a ditadura.
Já no caso protestante, as principais lideranças continuaram apoiando o regime, mesmo após o AI-5. Depois de certo momento, na década de 1970, começou o fortalecimento da oposição em setores protestantes, a partir de sua aproximação com os católicos. Padilha não reluta ao afirmar que “de maneira geral, tanto os católicos quanto os evangélicos, em termos de instituição, tiveram posições dúbias em relação à ditadura”.
O líder ecumênico enfatiza que “não se deve ignorar, porém, que desde antes do golpe existia um setor ecumênico que apoiava as reformas de base que vinham sendo discutidas no Brasil e que se opunha à intervenção militar. É preciso aprofundar a análise de todos esses aspectos”. Ele admite que o campo de pesquisa é amplo e que o grupo não terá condições de cobrir o universo, do ponto de vista geográfico e temático. "Faremos escolhas, os casos emblemáticos", informa Padilha.
Ele participa do movimento ecumênico desde a década de 50 do século passado. Padilha discutiu reformas políticas, defendeu as reformas de base em 1964. Ao ser preso em 1970 por causa das posições políticas e da militância na AP, permaneceu um ano na prisão. Libertado, viveu na clandestinidade sendo obrigado a sair do Brasil, com o cerco se fechando. Viveu no Uruguai, Argentina, Chile. Mudou-se para os Estados Unidos, onde viveu oito anos e, com o apoio do mundo ecumênico, foi para o Conselho Mundial de Igrejas, em Genebra, Suíça.
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