Não adianta ter uma frota nova senão tem cuidado com o que se tem. Assim como é com computador, TV, mochila, senão se tem cuidado logo se estraga. Parabéns a estas empresas profissionais e guerreiras que pensam no passageiro, pois quem faz uma boa manutenção, merece nosso respeito.
CURIOSIDADE: Um Velho Guerreiro e algumas lições
Curiosidade: Um Velho Guerreiro cheio de disposição
Ônibus ano 1988 prova que boa manutenção pode prolongar a vida de uma frota sem comprometer segurança dos passageiros Veículo já faz parte da história dos transportes na região
ADAMO BAZANI – CBN
As regulamentações dos sistemas de transportes por ônibus são essenciais para a população e para o setor como um todo.
Os contratos de concessão são fundamentais para exigir do operador itens que dificilmente seriam seguidos se não se tornassem obrigatórios. Além de cumprimento de horários e itinerários, a renovação da frota é indispensável para que os transportes coletivos sejam de fato um bom serviço para a população.
Afinal, ninguém quer pagar caro, como hoje são as tarifas em todo o país praticamente, para andar em veículos velhos, desconfortáveis e que até oferecem riscos aos ocupantes e pessoas em volta.
No entanto, além da renovação da frota, a manutenção é tão importante quanto.
Não são raros os casos de veículos relativamente novos, mas que quebram constantemente e até soltam portas, rodas, eixos e provocam acidentes.
Um exemplo de como a manutenção bem feita pode prolongar a vida útil do transporte coletivo sem comprometer a qualidade está num simpático veículo ano 1988 ainda em operação em linhas intermunicipais do ABC Paulista.
É certo que se a área 5 da EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, que é correspondente ao ABC Paulista, fosse organizada e a licitação das linhas saísse do papel, como ocorreu nas demais áreas, o veículo não estaria mais em operação.
Mas o pequeno Marcopolo Torino, das primeiras gerações, encarroçado sobre chassi OF 1115, prefixo 70, da TCPN – Transportes Coletivos Parque das Nações dá uma lição em muita empresa de ônibus.
O veículo não é mais adequado à atual realidade operacional. Não tem acessibilidade, é praticamente um chassi de caminhão encarroçado, com o primeiro degrau muito alto tanto na porta traseira como na dianteira, mas seu interior oferece conforto semelhante ou até maior (mesmo com os bancos de fibra) que muitos micrões de hoje que são pequenos para a demanda que transportam, no entanto, representam lucros para os frotistas que não precisam pagar salário de cobrador nestes veículos.
A viagem entre o Parque das Nações e o Hospital Mário Covas, no Bairro Paraíso, em Santo André, deixou claro que o ônibus ainda tem muita disposição devido à conservação.
O veículo recentemente foi reformado. Ele ainda mantinha a pintura original da Transportes Coletivos Parque das Nações, mas teve de aderir à insossa pintura padrão da EMTU. Mesmo assim, mantém seu charme.
Agora, reflitam, se pelos ônibus diariamente passam milhares de vida, imagine em quantas histórias o simpático carro 70 da Parque das Nações acabou tendo participação.
Talvez muitas pessoas nem se deem conta quando veem o carro ainda rodando. Muitas delas, no entanto, estudaram com ele, fizeram amigos nele, trabalharam graças ao seu transporte, gente que era moça e hoje passeia com seus filhos nele.
Afinal, para um veículo, 24 anos é fazer parte de gerações.
Isso sem contar que o ônibus acabou fazendo parte também de várias fases do ABC Paulista , desde quando a região era tipicamente industrial ainda na década de 1980, até a saída das indústrias por conta da Guerra Fiscal, das greves e do custo ABC, tornando o setor de serviços predominante.
Ninguém aqui quer que as cidades sejam cheias de ônibus com mais de 20 anos como o carro 70, mas seria bom se todas tivessem ônibus bem conservados, como o carro 70 da Parque das Nações.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.
Blog Ponto de ônibus
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