Por Marcelo Pereira
A festa de despedida dos jogos olímpicos de Londres de 2012 teve mais destaque do que a abertura (onde o único destaque foi a Rainha Elizabeth II dar uma de "Bond Girl" ao lado do -excelente - ator Daniel Craig). Caso raro pois normalmente a abertura costuma ser mais animada que o encerramento, geralmente chocho.
A festa de despedida dos jogos olímpicos de Londres de 2012 teve mais destaque do que a abertura (onde o único destaque foi a Rainha Elizabeth II dar uma de "Bond Girl" ao lado do -excelente - ator Daniel Craig). Caso raro pois normalmente a abertura costuma ser mais animada que o encerramento, geralmente chocho.
Teve a consagração das boy groups, a volta de gente sumida como George Michael e Spice Girls, não-cantores cantando, como o comediante Russell Brant (mais conhecido como o cara que "comeu" a deliciosa americana Katy Perry, atual namorada do cantor John Mayer), entre outras coisas. Além do Queen estar testando mais um substituto para o insubstituível Freddie Mercury.
Também teve um cantor desses de reality para calouros, Ed Sheeran, fazendo tributo ao Pink Floyd cantando a belíssima Wish You Are Here, que os jovens alienados pensaram se tratar de uma nova música dele. A falta de informação musical não é exclusividade dos brasileiros, embora o povo-tupi seja ainda mais surreal nisso que os estrangeiros, já que pelo menos eles não se recusam a pesquisar sobre cultura.
Mas o destaque mesmo veio depois da metade, com a "transferência de cargo" na organização das olimpíadas (que vai ser aonde? Hein? Hein?). Primeiro com a surpreendente aparição de Renato Sorriso, gari que se transformou em dançarino, numa espécie de peça teatral ao lado de um ator que interpretou um segurança inglês. Bela imagem, ainda mais sabendo da missão de Sorriso (que admiro bastante), que com seu trabalho de dança, aparentemente apenas lúdico, na verdade mostra o valor e a dignidade desses profissionais que se esforçam para deixar limpas as nossas cidades, mesmo com o baixo salário e o prestígio - injustamente - mais baixo ainda.
Tivemos Marisa Monte brilhante cantando Villa-Lobos, Seu Jorge - bem conhecido por lá - fazendo uma justa homenagem a Wilson Simonal (que pelo jeito adoraria ver uma música sua cantada na terra da Rainha Elizabeth II) e o prefeito Eduardo Paes (dá para perceber porque as autoridades queriam tanto organizar esta olimpíada...) recebendo a bandeira dos jogos olímpicos, mais um desses símbolos a serem cultuados em rituais.E como brasileiro adora ritual...
Mas o melhor foi reservado para o final. E não tem nada a ver com os brasileiros. Apesar da excelente festa de "transferência de cargo", onde a sede da próxima olimpíada foi celebrada com uma bela festa (organizada por brasileiros, vale lembrar), nada foi mais comovente para quem conhece a história da música do que ver uma banda veterana a The Who ainda em plena atividade, mesmo após as mortes dos grandes John Entwistle e Keith Moon (junto com John Bonham do Led Zeppelin - banda apadrinhada por Moon - os melhores bateristas de todos os tempos no rock).
O Who fez um pequeno mas emocionante show, com a bela música Baba O'Riley, que abre o que considero o melhor álbum da banda Who's Next, lançado no ano em que eu nasci, 1971. Dele também é a empolgante Won't Get Fooled Again, que usei como tema do meu aniversário de 30 anos pela letra que diz que não seremos mais feitos de otários. The Who tem histórias para contar através de suas músicas de qualidade inquestionável e de sua importância para o desenvolvimento da cultura britânica.
E com eles a cerimônia se encerrou. Que venha o Rio 2016 e em seguida a sua fortíssima ressaca.
(Publicado originalmente no Planeta Laranja, em 18/08/2012)
(Publicado originalmente no Planeta Laranja, em 18/08/2012)
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