Este texto escrito pela blogueira Bruna diz muito sobre o que penso das relações homem-mulher. Leiam e tirem suas conclusões.
Chega de mordomias!
Fico indignada quando vejo casais em que a mulher não paga
nada. Desde uma bola de sorvete até a prestação da casa, tudo é
responsabilidade do homem em muitos relacionamentos. Todavia, esse
protecionismo que a sociedade confere às mulheres não se restringe a
isso. Elas usufruem de diversas mordomias aparentemente benéficas para
elas mesmas em diversos outros contextos.
Em casas noturnas, as mulheres pagam valor de entrada inferior
ao dos homens, sem contar as entradas livres. Ao contrário de ser um
privilégio para as mulheres, o é para os homens, já que a intenção é
disponibilizar o maior número possível de raparigas no ambiente, para
que assim os homens possam escolher à vontade, tal como fazem com frutas
em frutarias. A legislação de divórcio permite à mulher usufruir de
pensão do ex-marido, mesmo quando têm condições para sustentar a si
mesma. Inúmeros são os exemplos.
E isso é ótimo, não? Claro que não. O que ingenuamente soa
como um benefício para as mulheres e algo que as valoriza, só, ao
contrário, as minimiza. São instrumentos que as mantêm na condição de
inferioridade, que as infantilizam, que as isentam de responsabilidades e
deveres, que as impedem de crescer.
O homem ter o dever de pagar a conta do restaurante, consenso
ainda irrefutável para muitas pessoas, é o exemplo clássico de um ato
paternalista infantilizante visto como um ”ato de gentileza e educação
do parceiro” sob os olhares do senso comum. Mas é, na verdade, um ato
de manter a mulher – e todas as demais mulheres, conseqüentemente – na
estagnação, na infantilidade, na privação do enfrentamento de deveres e
responsabilidades.
Qualquer ser humano só amadurece quando abandona a educação
paternalista que o mantém sob os domínios de uma proteção excessiva. É
como o ato de educar uma criança: para permitir que nossos filhos
cresçam e amadureçam, precisamos incumbí-los de responsabilidades e
privá-los de medidas protetoras demasiadas. Eles devem aprender a se
vestir sozinhos, fazer a própria comida, arranjar um emprego, enfrentar o
mercado de trabalho, sair para o mundo, andar com as próprias pernas.
Sair da zona de conforto, enfim.
Acobertado sob uma criação paternalista e superprotetora,
ninguém vai a lugar algum. Todavia, é isto que ocorre com as mulheres,
porém durante toda a vida, inclusive – e principalmente - na idade
adulta. Elas são resguardadas de diversas responsabilidades, sobretudo
as financeiras, sob o disfarce de polidez e gentileza. O que se
resguarda, na verdade, é a possibilidade da mulher crescer e exercer sua
cidadania plena. Direitos iguais também significam deveres iguais. Não
há bônus sem ônus.
Mulheres, saiam da zona de conforto. Paguem a conta do
restaurante, dividam a prestação da casa, façam a baliza sozinhas sem
passar o volante a um homem, vão vocês mesmas até o local onde precisam
ir sem esperar que o homem seja seu motorista particular. Queiram
direitos e, conseqüentemente, deveres. Não queiram mordomias.
Blog Uma vida inquestionada não merece ser vivida
Um comentário:
Olá,
obrigada pela divulgação do texto e do blog!
Fico feliz em saber que não fui mal interpretada nas palavras, pois achei que fosse isso que aconteceria.
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