quinta-feira, 30 de junho de 2011

Sobre a obrigatoriedade da Voz do Brasil e o trânsito das grandes cidades


 
     Para quem está saindo do trabalho e está indo para casa ou para a escola ou faculdade, deve saber o quanto é suplicante ficar num congestionamento, principalmente quando se está atrasado, teve um dia de trabalho ou pessoal estressante e quer logo chegar em casa ou ao compromisso marcado. Nessas situações, em geral em horario de rush, ocorrem os congestionamentos, congestionamentos estes que tem o seu ápice entre as 18:30 as 21:00. Nesta hora, você leitor precisa de informações para fugir de congestionamentos ou mesmo saber sua causa, extensão e quando acaba, assim como o funcionamento dos transportes sobre trilhos, e quem lhe dá estas informações? O rádio! Mas justamente neste horário de ápice, sobretudo os horários de 19:00 as 20:00, quando você mais precisa dele para obter estas informações, você não pode contar com ele. Sabe por que? Por causa da Voz do Brasil.
     Este texto escrito por Daniel Stark, autor e dono do site Tudo Radio diz muito sobre isso, mostrando a sua utilidade, pois apesar dos transtornos que ela causa, ela ainda é, e vai continuar sendo, um excelente meio de informação, uma vez que nem tudo a midia divulga. Neste texto, ele fala que a Voz do Brasil tem a função social de informar brasileiros nos mais remotos locais do pais se sobrepondo ao poder dos coronéis divulgando informações que eles jamais divulgariam. Mais isso que ele falou não precisa ir muito longe. Uma prova de como a Voz do Brasil ainda é extremamente útil nos grandes centros foi quando na época em que estava tendo aquela onda de ataques de bandidos no Rio de Janeiro e naquela fuga dos mesmos da Vila Cruzeiro para o Complexo do Alemão, estava sendo discutida no Congresso Nacional, mas precisamente na Câmara de Deputados a PEC 300, que unifica os salários de PM's e bombeiros ao salário dos mesmos do DF que são os mais altos do Brasil. Nesta hora, o governador Sergio Cabral ao mesmo tempo em que ficava posando na mídia, ia no Congresso lutar contra a PEC300, na mesma hoa em que vários policiais morriam e travavam lutas fraticidas nas ruas e favelas do Rio. E aonde deu isso? Na Voz do Brasil! Nenhuma emissora de ŕadio, Tv ou jornal divulgou tal noticia. E justamente nessa hora que ela mostra a sua utilidade, quando a imprensa, que criminosamente se utiliza do termo opinião publica, se apropriando do termo e se auto intitulando representante da mesma indevidamente (quando não auto intitula a tal), omite tais informações, informações testas de imensa importância para a população.
    O único defeito dela é o fato de ser extremamente chapa branca, o que é natural, já que ela representa o governo oficialmente falando. Porém, apesar de ela ter sido feita para ser chapa branca, nem sempre ela foi assim. Curiosamente durante os dois governos FHC, não apenas ela, mas os outros orgãos de impressa do governo como as Radios Nacional, MEC, antiga TVE e a própria Voz do Brasil tinham a liberdade para criticar o governo, o que fazia com que eles adquirissem certa idoneidade nas noticias que divulgavam. A TVE tinha vários programas como o Olhar 9x a 200x ( que depois mudou o nome para Espaço Publico) que criticava o proprio governo abertamente e isso numa emissora do mesmo.  A própria plástica da Voz do Brasil era boa, menos panfletária e mais sóbria. Depois que o PT entrou no governo isso acabou. Posso dizer que a questão da liberdade de expressão, sobretudo nos órgãos governamentais, foi uma das poucas coisas boas que o governo FHC ja teve tirando é claro, os erros graves cometidos pelo mesmo.
   Não sou a favor do seu fim e muito menos a sua restrição a emissoras governamentais, educativas e comunitárias, pois no caso destas últimas, estas não irão cumprir, pois a maioria delas não funcionam como tais, mas como comerciais difarçadas. Sou a favor da flexibilização, pois acho que ela é um serviço importante, porém deve ser colocado em horários que não atrapalhem os ouvintes e as emissoras. Leiam o texto de Daniel Stark.






A Voz do Brasil: prós e contras



Nos últimos dois meses o assunto “obrigatoriedade do programa A Voz do Brasil” tem tomado as páginas do Tudo Rádio e demais veículos que tem o rádio como foco editorial. Muito se discute sobre o real papel da veiculação desse programa produzido e executado pela Radiobras em nossas AMs e FMs brasileiras, além do que significa a imposição de transmissão obrigatória em empresas privadas e voltadas à comunicação teoricamente livre e democrática. Então, qual é o significado de tudo isso e para onde o rádio está caminhando? Quais são os prós e contras dessa pratica na radiodifusão?

Quem defende a transmissão obrigatória em cadeia as 19h00 (horário de Brasília) bate na tecla da “informação”. Vou explicar: vários brasileiros (alias, muitos brasileiros) tem o rádio como principal ou única fonte de informação e entretenimento. Em determinados municípios a informação fica concentrada na mão de quem tem o poder de controlar a concessão de rádio local. A Voz do Brasil vira um mecanismo de comunicação direta entre as ações de quem governa o país até o governado, ou seja, nós. É uma forma de comunicação a mais a serviço da população.

Seria uma espécie de canal direto entre o cidadão e o Governo Federal, independente da relevância do conteúdo veiculado pelo programa. Se os parlamentares passaram o dia todo empinando pipas, o ouvinte vai saber a execução dessa “importante” atividade através da Voz do Brasil. Se for aprovada uma lei de grande interesse à população, saberemos o ponto de vista do Governo Federal através do programa da Radiobrás. É basicamente um “grande clipping institucional do governo”. Basicamente isso.

Independente do partido que esteja governando, essa ferramenta sempre foi utilizada pelos governos brasileiros desde a criação do programa, lá na Era Vargas (faz tempo, hein?). Ao longo desses mais de 70 anos de Voz do Brasil, o programa apresentou várias mudanças em sua estrutura, porém o propósito final permaneceu o mesmo. O governo tem um canal esmagador para propagar suas ações, utilizando-se de concessões destinadas legalmente a empresas privadas, além das estações que já fazem parte do plantel federal.

Se você leu tudo isso, quero que esqueça o assunto “partidos”, “governos” e “situações”. A discussão aqui é única: obrigatoriedade. Concordo com o papel de levar algum tipo de informação a todo território brasileiro, como uma forma de integração nacional (necessária em um país de grandes dimensões como o Brasil), fazendo valer da mídia mais poderosa e menos valorizada: o rádio. Não concordo com a extinção da Voz do Brasil, porém o “projeto” precisa urgentemente de ajustes.

Não estou falando de trocar conteúdo, vinhetas, locutores, etc. Longe disso. Não é o ponto central da discussão. É inadmissível que empresas privadas que possuem o direto legal de operar através de concessões de rádio sejam obrigadas a executar um programa político/federal ao mesmo tempo. O ouvinte e o mercado não possuem saídas, estão acuados. Na minha visão pessoal é a mesma coisa que a sua operadora de celular (que também opera no formato de concessão) seja obrigada a enviar mensagens de texto (SMS) com ações sobre o governo. Que situação, hein?

Também não sou favorável a flexibilização do horário obrigatório de transmissão. Rádio comercial não precisa transmitir a Voz do Brasil, muito menos de madrugada. Essa flexibilização é a banalização do programa da Radiobrás. Porém esses novos projetos de lei sobre a Voz do Brasil possuem instrumentos interessantes para uma nova fase da radiodifusão. A idéia de tornar obrigatória a transmissão das 19h00 da Voz do Brasil apenas em concessões educativas, comunitárias e também estatais é algo muito inteligente.

Com a Voz do Brasil nas educativas, comunitárias e estatais mantém-se a idéia de propagar informações e unificar território, além de manter um canal aberto entre o Governo e os cidadãos. Livrando as rádios comerciais da obrigatoriedade é possível dar diversidade ao conteúdo veiculado, além de não afugentar a audiência. Vamos a alguns exemplos.

Gosto muito de citar a SulAmérica Trânsito de São Paulo. O motorista paulistano que tem a rádio como principal fonte de informação contra o caos urbano é tratado como um trouxa quando o relógio marca 19h00. A SulAmérica Trânsito está obrigada a transmitir a Voz do Brasil nessa faixa de horário, interrompendo a prestação de serviço factual. É quase um “se vira motorista, agora você se f...”. E as rádios de entretenimento que não possuem grades jornalísticas? Diversidade de conteúdo! É necessária a opção que fuja do jornalismo, afinal entretenimento também é uma forma de prestar serviços.

Tem gente que ouve a Voz do Brasil? É claro. Por isso é importante a idéia de mantê-la no local certo. Porém boa parte da audiência desliga o rádio e isso é algo extremamente negativo. Além da ação “desligar o rádio”, as emissoras concorrem com os agradáveis mp3 player, internet móvel, entre outras ferramentas que se sobressaem as 19h00. Até o “quase-antigo” CD ganha de goleada do rádio nessa novela Voz do Brasil.

Do jeito que está a Voz do Brasil é encarada como vilão do mercado de rádio, intruso pelos ouvintes e auxilia diretamente no enfraquecimento da mídia rádio perante outros meios e serviços. Vamos torcer para um capitulo mais favorável ao rádio nessa longa novela Voz do Brasil.
Tudo Radio

Um comentário:

MPierre disse...

Eu sou a favor da flexibilidade da Voz do Brasil nas grandes cidades por causa dessa questão do trânsito.

E mais: a veiculação poderia ser de madrugada.

Sobre a imparcialidade no Governo FHC, houve uma associação chamada ACERP em que a antiga TVE-RJ não era 100% Governo Federal, pois havia, também, representantes dos funcionários, da sociedade, etc... segundo o seu site. Nessa ideia que estava na minha cabeça sobre uma solução da saudosa CTC-RJ nos ônibus para tentar evitar a politicagem que matou a empresa pública de ônibus.

No caso da Radiobrás, salvo engano, era 100% Governo Federal ao ponto da Rádio Nacional 1130 AM ter estado sucateada.