Para quem não sabe, eu ja fui busólogo durante muitos anos. Hoje não sou muito ligado neste hobby, embora trabalhe neste setor por ironia do destino. Em relação a Busologia o periodo que eu mais me interessei e acompanhei foi nas decadas de 80 e 90, que conhecidentemente foi periodo áureo do transporte rodoviario e urbano de passageiros em que as empresas de ônibus lucravam 5 vezes mais do que hoje e que por conta disso tinham, podiam e investiam em chassis e carrocerias de melhor qualidade. Em geral elas trabalhavam com chassis Mercedes Benz, mas sempre que podiam compravam Scania e Volvo e em alguns casos os saudosos monoblocos Mercedes. Era um periodo lindo e magico para qualquer busólogo, pois além de trabalhar com esses chassis, támbem trabalhavam-se com carrocerias da Marcopolo, Caio, da saudosa Ciferal, Comil, Busscar-Nielson, e da Thamco ( que embora fossem de má qualidade, eram estéticamente muito bonitas). E no campo das pinturas tal situação não ficavam atras, vide as pinturas das empresas do grupo Redentor nas decadas citadas.
Além de todos os atributos citados, estes veiculos em geral eram maiores do que hoje em termos de comprimento e eram até esteticamente mais bonitos e com motores mais resistentes e com ruidos mais agradaveis de se ouvir. Um exemplo disso, era embarcar no 397 da recem inaugurada Ocidental, hoje uma empresa decadente, com seus Scanias 113 em carrocerias Nielson e Marcopolo, era a coisa mais maravilhosa de se viajar. Porque além de ter aquele visual robusto com um motor gigantesco e rodas nas mesmas condições, o ruido do motor sobretudo na hora das passagens de marcha, era a coisa mais linda e agradavel de se ouvir, era aquele ronco forte com turbocoole de carreta que deixava qualquer busólogo em extase. E andar em onibus articulados da CTC? era outra maravilha também, ainda mais quando era o padron Alvorada com chassis Scania, lembram?
Duas empresas aqui do Rio que tinham diversidade de chassis e carroceiras eram a CTC e a Auto Diesel. A primeira era do governo do estado e antes do governo Brizola ja tinha uma frota bem diversificada, incluindo ai onibus eletricos transformados em diesel. Durante o governo Brizola houve a encampação de várias empresas e ai ja houve a segunda diversificação de sua frota, ao transferir onibus de linhas que não eram suas para as suas linhas. No final do governo deste, Brizola baixou um decreto no qual as empreasa de onibus deveria doar em torno de 5 onibus novos a CTC todos anos. Nesta terceira diversificação ai passou a ter desde monoblocos Mercedes a Thamco Aguia com Mercedes como chassis, ou seja teve de tudo e só não teve Volkswagem, pois a mesma ainda não fabricava chassis para ônibus nesta época. Isso durou até 1997 quando ela tinha também onibus chassis Mercedes de motor traseiro movidos a gas natural, pois neste ano o alcoolatra Marcelo Alencar vendeu suas linhas para Breda, Rio Ita, 1001 e outras e suas garagens viraram escola de samba(Vila Isabel) e supermercado(Guanabara).
Vale lembrar que a CTC ainda existe, mas como uma empresa em processo de liquidação e sem linhas( nos dias de hoje tal situação deveria ser revertida o mais rápido possivel). No caso da Auto Diesel, esta pertenceu durante muitos anos ao empresario Nenê Constantino, isso mesmo, o dono da Gol. No periodo em que ele foi dono da Auto Diesel, ele comprou várias empresas do Rio como a Amigos Leopoldinenses, Columbia e Paraense, esta ultima, uma das primeiras empresas formadoras do império do Jacob Barata. Só ai houve uma tremenda diversificação da frota. A outra diversificação ocorria também, se não a principal delas, ao transferir onibus de empresas suas de São Paulo, Brasilia e Minas para a Auto Diesel.
Um exemplo disso eram suas linhas de frescões (tarifa A) que usavam onibus Marcopolo Viaggio com chassis Volvo, estes onibus pertenciam a viação Riviera de Minas e foram transferidas para Auto Diesel. Na Auto Diesel teve monoblocos Mercedes, Scanias, Volvos, e uma infinidades de carroceria dos mais diversos fabricantes. Tal situação mudou quando Nenê Constantino vendeu parte da mesma para o Jacob Barata criando ai a Vila Real e o restante para a Breda que havia entrado no mercado de ônibus urbano na época e por algum tempo manteve na propria Breda e na Auto Diesel esta divesificação, bem como no restante de suas empresas. Hoje infelizmente a Breda não faz mais isso e está preferindo sucatear sua frota como está acontecendo com sua subsidiaria Andorinha que até greve de funcionários teve por conta da falta de material de manutenção que passam sua frota. Até na própria Breda está assim.
Hoje, seja por causa da concorrecia com tranporte alternativo, seja por contenções de custos ou mesmo por uma maior margem de lucro, as empresas e até fabricantes de chassis e carrocerias não fabricam mais onibus como aqueles que admiramos nas decadas passadas. Hoje eles são bem menores, com motores que mais parecem aqueles motores de microonibus e porque não dizer de caminhonete D20 e com carrocerias de design pouco atraente e pouco resistente se comparados com onibus do passado. A unica coisa que me atrai hoje até por ser da área de eletrônica é no que se refere a vista de itinerário de leds iluminação interna de leds e algumas ações positivas como a da Viação Bangu que renasceu depois anos de dura decadencia. Até nas pinturas, você uma certa falta de vida, vide a pintura da viação 1001, por exemplo.
Porem uma nos fluminenses ainda podemos nos orgulhar: a diversidade das pinturas dos onibus aqui na capital e em diversas cidades deste estado. Isso porque em Minas, São Paulo, Brasilia, Paraná, Sergipe e ect, a pintura é padronizada e em Brasilia a coisa ainda é mais grave, pois é só mudar de governo que o novo governador do DF manda as empresas de lá trocar a pintura de suas frotas, ou seja, muda o governo muda-se a pintura dos onibus como se eles carregassem a propaganda institucional também. Em São Paulo e Aracaju até meados das decadas de 80 as empresas de onibus também tinham pinturas próprias, ai veio determinados governos, em geral do PT como foi no caso de São Paulo com Erundina, e se padroniza as pinturas. Tal situação é um horror, pois queira ou não o onibus faz parte da cidade e quando se faz uma padronização ao estilo de Londres ou Curitiba até se aceita, pois se adquire um carater de metrô sobre rodas, em relação Curitiba ou mesmo porque é atração turistica como caso de Londres, mas quando acontece como caso de Brasilia fica uma merda só. E mesmo numa cidade cinzenta como São Paulo ou litoral como Aracaju, tal padronização também acaba ficando muito ruim, pois no caso de São Paulo se ainda houvesse a diversidade de pinturas como há aqui no Rio, la com certesa essas pinturas seriam melhores, pois além de dar vida a cidade e tirar aquele ar cinzento de selva de pedra, lá é aonde se tem mais dinheiro, onde infelizmente e no lugar errado( isso é uma outra história que falarei futuramente) ficam as principais agencias de propaganda, design e aonde ocorrem as principais feiras de onibus da America Latina.
No caso de São Paulo tal situação estimularia um espirito de criatividade gigantesco o que geraria uma diversidades de pinturas das mais diversas formas e artes possiveis, situação esta que favoreceu as empresas do Rio durante decadas e que ainda as favorece até hoje, pois tal situação gera uma publicidade positiva para elas e as tornam mais populares entre a população, tanto da cidade onde operam, como no resto do pais, além de ser um excelente identificador de trajetos e linhas, tanto para mo rador da cidade, como para o turista. Um exemplo da questão da identificação da empresa no Brasil, é o caso da Redentor ou da Bangu, por exemplo, muita gente conhece estas empresas no Brasil a fora, agora pergunte a alguem de Salvador se conhece a viação Gato Preto da capital Paulista? A maioria dirá que não. Aqui no Rio as empresas de onibus são conhecidas individualmente o que além tudo o que citei facilita até a punição delas quando estas estão prestando um mau serviço a população, como foi o caso da Bangu em relação as gratuidades quando essa vivia em decadencia até então e em casos recentes como os da Oriental e Ocidental e até em casos positivos como é o caso da propria Bangu hoje, da Viação Sans Penã, que ficam bem identificados não só pelas belas pinturas, como principalmente pelos seus bons serviços prestados, ou seja, é uma excelente ferramenta publicitária que serve de forma permanente as empresas, no caso do Rio ajuda bastante no turismo, pois tais pinturas além de sevir como arte , dão vida a cidade. O potencial dos paulistas de fazerem pinturas de onibus é alto e deveria ser aproveitado, vide por exemplo, o caso da viação Caprioli que tem um linda pintura na sua frota de rodoviarios de fretamento, assim como varias empresas de fretamento que trazem turistas para cá, cuja as pinturas em geral são de tirar o fôlego.
E uma pena uma cidade como São Paulo não ter diversificação de pintura como acontece no Rio e la necessita ainda mais que aqui, pois lá não se tem pontos turisticos e belezas naturais de tamanha relevância como aqui. Tudo o que falei em relação a São Paulo se aplica em dobro a Brasilia pelos mesmos motivos citados, ainda mais que não tem nem um triplo dos atrativos das duas metropoles nacionais. no caso de Aracaju é um contrasenso, pois por ser uma cidade turistica e litoranea também fica numa situação similar a de São Paulo, ja que se houvesse a diversidade também incrementaria o tursimo.
Como vocês podem ver mesmo com o atual quadro que a busologia se encontra hoje, ainda podemos nos orgulhar, pois dificilmente os prefeitos e governadores do Rio mudariam isso. E podemos nos orgulhar mais ainda agora, pois a Scania voltará a fabricar aquels lendários chassis ao estilo do 113 que tanta admiração nos trouxe no passado. O que se ve na Busologia hoje é o que está passando varios setores da sociedade em que se vive uma certa falta de criatividade, de inovação, de mesmice, de individualismo execerbado, claro que neste setor tal situção está ainda ocorre em menor escala do que em outros setores, mais ainda sim podemos nos orgulhar dele ainda. Que ele continue assim. Para os prefeitos das capitais citadas e dos sindicatos das mesmas recebam o conselho dado, que nesnte caso eu dirijo a Gilberto Kassab de São Paulo, Arruda de Brasilia, Marcio Lacerda de Belo Horizonte e Edivaldo Nogueira de Aracaju, peço que leiam este tópico caso tenha um dia a oportunidade de ler e pensem melhor sobre o assunto. E no caso dos sindicatos das empresas de onibus, eu direciono especificamente para SPTrans par que seus dirigentes façam o mesmo. Por hoje só!
